google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: Colheita e Processamento de Plantas Medicinais

ANUCIOS

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Colheita e Processamento de Plantas Medicinais



DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA

O primeiro aspecto a ser observado na produção de plantas medicinais de qualidade, além da
condução das plantas, é sem dúvida a colheita no momento certo. As espécies medicinais, no que se refere à produção de substâncias com atividade terapêutica, apresentam alta variabilidade no tempo e espaço. O ponto de colheita varia segundo órgão da planta, estádio de desenvolvimento, época do ano e hora do dia.
A distribuição das substâncias ativas, numa planta, pode ser bastante irregular, assim, alguns
grupos de substâncias localizam-se preferencialmente em órgãos específicos do vegetal. Os flavonóides, de uma maneira geral, estão mais concentrados na part e aéreas da planta, em camomila (Chamomila recutita) o camazuleno e outras substâncias estão mais concentradas nas flores. Vê-se, portanto, a necessidade de conhecimento da parte que deve ser colhida para que se possa estabelecer o ponto ideal.
O estádio de desenvolvimento também é muito importante para que se determine o ponto de colheita, principalmente em plantas perenes e anuais de ciclo longo, onde a máxima concentração é atingida a partir de certa idade e/ou fase de desenvolvimento. Por exemplo, o jaborandi (Pilocarpus microphyllus) apresenta baixo teor de pilocarpina (alcalóide) quando jovem. O alecrim (Rosmarinus officinalis) apresenta maior teor de óleos essenciais após a floração, sendo uma das exceções dentre as plantas medicinais de um modo geral.
Há uma grande variação na concentração de princípios ativos durante o dia: os alcaloides e óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, os glicosídeos à tarde. As raízes devem ser colhidas logo pela manhã. Também a época do ano parece exercer algum efeito nos teores de princípios ativos, assim a colheita de raízes no começo do inverno ou no início da primavera (antes da brotação), são citados como melhores épocas.
As cascas são colhidas quando planta está completamente desenvolvida, ao fim da vida anual ou
antes da floração (nas perenes), nos arbustos as cascas são separadas no outono e, nas árvores, na primavera.


Recomendações Gerais de Colheita

PARTE COLHIDA                 PONTO DE COLHEITA
Talos e folhas                          Antes do florescimento
Flores                                       No início da floração
Frutos e sementes                   Quando maduros
Raízes                                      Quando a planta estiver adulta
Casca e entrecasca                 Quando a planta estiver florida

OPERAÇÃO DE COLHEITA

Uma vez determinado o momento correto, deve-se fazer a colheita com tempo seco, de preferência, e sem água sobre as partes, como orvalho ou água nas folhas. Assim a melhor hora da colheita é pela manhã, logo que secar o orvalho das plantas. O material colhido é colocado em cestos e caixas; deve-se ter o cuidado de não amontoá-los ou amassá-los, para não acelerar a degradação e perda de qualidade.
Deve-se evitar a colheita de plantas doentes, com manchas, fora do padrão, com terra, poeira,órgãos deformados, etc. Durante o processo de colheita é importante evitar a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente flores e folhas. As raízes podem permanecer por algum tempo ao sol.
Um ponto mais importante, para a qualidade, é a anotação dos dados referentes às condições no
momento da colheita, condução da lavoura, local, produtor, condições de secagem, etc. Imediatamente após a colheita o material deve ser encaminhado para a secagem.
No caso de sementes recomenda-se esperar até o completo amadurecimento, no caso de frutos
deiscentes (cujas sementes caem após o amadurecimento), a colheita deve ser antecipada.
Os frutos carnosos com finalidade medicinal são coletados completamente maduros. Os frutos
secos, como os aquênios, podem cair após a secagem na planta, por isso recomenda-se antecipar a colheita, como ocorre com o funcho (Foeniculum vulgare).
Deve-se salientar que a colheita das plantas em determinado ponto tem o intuito de obter o máximo teor de princípio ativo, no entanto, na maioria das vezes, nada impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto de colheita para uso imediato. O maior problema da época de colheita inadequada é a redução do valor terapêutico e/ou predominância de princípios tóxicos, como no confrei (Symphitum ssp.).
Existem alguns aspectos práticos que deveremos levar em consideração, no processo de colheita
de algumas espécies. Na melissa cortamos seus ramos e não somente colhemos suas folhas, desta forma conseguimos uma produção em torno de 3 t/ha de matéria seca, em cortes, que são efetuados no verão e outono.
No poejo, temos que ser cuidadosos, pois é uma erva rasteira. Com essa característica, poderá
trazer-nos prejuízos pela contaminação do material, que sendo colhido muito próximo do solo, terá muitas impurezas. Produz aproximadamente 2 t/ha de matéria seca em três cortes anuais.
No boldo (Necroton) devemos colher somente as folhas, com bom estádio de desenvolvimento.
Desidratadas produzem cerca de 2,5 t/ha.
Na carqueja devemos cortar totalmente sua parte herbácea, respeitando dois nós acima da
superfície do solo. Esse procedimento favorecerá posteriormente a rebrota das plantas. Produz cerca de 2 t/ha de planta seca, em duas a três colheitas por ano. O ponto ideal é no início da floração.
No capim limão fazemos também o corte total, e procedemos como a colheita da carqueja. Devemos
eliminar as folhas doentes, com manchas ou secas, que são inadequadas para o beneficiamento. Produz cerca de 3 t/ha de matéria seca em dois cortes por ano.
No quebra-pedra, colhermos a planta inteira. Suas raízes, podem ser lavadas em água limpa.Produz
cerca de 3 t/ha de matéria seca em duas safras anuais.
Na camomila colhemos as flores em várias passadas. Devem apresentar seus capítulos florais
completos. Sua produção varia em torno de 600 a 800 kg/ha de flores secas, em uma única safra.

PROCESSAMENTO PÓS-COLHEITA

Normalmente após a colheita das plantas pode-se fazer o uso direto do material fresco, extrair
substâncias ativas e aromáticas do material fresco ou a secagem para comercialização "in natura", a qual requer mais atenção, por permitir a conservação e possibilitar a utilização das plantas a qualquer tempo e não somente quando atingirem o ponto de colheita.

SECAGEM

O consumo de plantas medicinais frescas garante ação mais eficaz dos princípios curativos,
entretanto, nem sempre se dispõe de plantas frescas para uso imediato, e a secagem possibilita conservação quando bem conduzida. No beneficiamento de plantas medicinais são utilizados vários processos.
Dependendo da espécie e da forma de comercialização, esses processos são utilizados
diferencialmente. Por exemplo, as mentas podem ter as folhas dessecadas ou o óleo essencial
comercializado, duas condições que exigem metodologias diferentes. A maioria das plantas medicinais é comercializada na forma dessecada tornando o processo de secagem fundamental para a qualidade final do produto. A redução do teor de água durante a secagem, impede a ação enzimática e consequente deterioração.
O órgão vegetal, seja folha, flor, raiz, casca, quando recém colhido se apresenta com elevado teor de umidade e substratos, o que concorre para um aumento na ação enzimática, que compreende diversas reações. Estas reações são reduzidas à medida que se retira água do órgão, pois a redução de umidade do meio é o melhor inibidor da ação enzimática. Daí a necessidade de iniciar a secagem imediatamente após a colheita.
A secagem reduz o peso da planta, em função da evaporação de água contida nas células e tecidos das plantas, promovendo o aumento percentual de princípios ativos em relação ao peso inicial da planta. Daí dever-se utilizar menor quantidade de plantas secas do que frescas. No entanto, esta percentagem varia com a idade da planta e condições de umidade do meio.
Durante o pro cesso de colheita é importante evitar a incidência direta de raios solares sobre as
partes colhidas, principalmente flores e folhas. As raízes podem permanecer por algum tempo ao sol.
Um ponto mais importante, para a qualidade, é a anotação dos dados referentes às condições no
momento da colheita, condução da lavoura, local, produtor, condições de secagem, etc. Imediatamente após a colheita o material deve ser encaminhado para a secagem.

CUIDADOS QUE ANTECEDEM A SECAGEM

Antes da secagem, deve-se adotar alguns procedimentos básicos para a boa qualidade dos produtos, independente do método de secagem a ser utilizado. Sendo eles:
*Não se deve lavar as plantas previamente antes da secagem, exceto no caso de raízes e rizomas
que devem ser lavados. Caso a parte aérea das plantas estejam muito sujas, usa-se água limpa para uma lavagem, efetua-se uma agitação branda dos ramos logo em seguida, para eliminar a maior parte da água sobre a superfície da planta. A lavagem da parte aérea deve ser rápida, para evitar a perda de princípios ativos.
*Deve-se separar as plantas de espécies diferentes.
*As plantas colhidas e transportadas ao local de secagem não devem receber raios solares.
*Antes de submeter as plantas à secagem, deve-se fazer a eliminação de impurezas (terra, pedras, outras plantas, etc) e partes da planta que estejam em condições indesejáveis (sujas, descoloridas ou manchadas, danificadas...).
*As plantas colhidas inteiras devem ter cada parte (folhas, flores, sementes, frutos e raízes)
colocadas para secar em separado, e conservadas depois em recipientes separados.
*Quando as raízes são volumosas, pode-se cortá-las em pedaços ou fatias para facilitar a secagem, como se faz em batata-de-purga (Operculina macrocarpa).
*Para secar as folhas, a melhor maneira é conservá-las com seus talos, pois isto preserva suas
qualidades, previne danos e facilita o manuseio. Folhas grandes devem ser secas separadas do caule. 

Nas folhas com nervura principal muito espessa, como alcachofra (Cynara scolymus), estas são removidas para facilitar a secagem.

MÉTODOS DE SECAGEM

A secagem pode ser conduzida em condições ambientes ou artificialmente com uso de estufas,
secadoras, etc. Dependendo do método utilizado e do órgão da planta a ser dessecado, têm-se uma necessidade de área útil do secador variável entre 10 e 20% da área colhida.

a) SECAGEM NATURAL

A secagem natural é um processo lento, que deve ser conduzido à sombra, em local ventilado,
protegido de poeira e do ataque de insetos e outros animais. Este processo é recomendado para regiões que tenham condições climáticas favoráveis, relacionadas principalmente a alta ventilação e temperatura, com baixa umidade relativa. É o mais usado a nível doméstico.
O secador de temperatura ambiente é o modelo mais econômico e dá bons resultados em climas
secos e quentes quando na época da colheita e secagem, isto porque só conta com a temperatura ambiente local. Constitui-se numa construção retangular com um telhado de duas águas, o que lhe dá a aparência de uma casa retangular. Dentro, deve conter estruturas de madeira ou metal, onde se apoiam as plantas em feixes ou em bandejas.
Deve-se espalhar o material a ser seco em camadas finas, permitindo assim a circulação de ar entre as partes vegetais, o que favorece a secagem mais uniforme. Em geral a espessura da camada de plantas na secagem é de 3 cm para folhas e 15 a 20 cm para flores e umidades floridas. Para isto podem ser utilizadas bandejas com moldura semelhantes. Deve-se evitar o revolvimento do material durante o processamento de secagem. Quando a secagem é muito lenta, pode-se fazer cuidadosa movimentação das plantas sobre as bandejas, evitando-se danos, principalmente se o material está muito úmido.
Outra maneira prática é dependurar as plantas em feixes pequenos amarrados com barbante. Os
feixes devem ficar afastados entre si. Este método não é adequado para plantas cujas folhas caem durante a secagem, como o manjericão.
As plantas secas nestas condições vão ter um teor de umidade em equilíbrio com a umidade relativa do ambiente. Se esta for baixa, tanto menor vai ser o teor de umidade ao final da secagem, o que melhora a conservação do material seco.

SECAGEM ARTIFICIAL

A secagem artificial consiste em manter sob ventilação a uma temperatura de 35 a 40º C. As
temperaturas acima de 45º C danificam os órgãos vegetais e seu próprio conteúdo, pois proporcionam uma "cocção" das plantas e não uma secagem, apesar de inativarem mais rapidamente as enzimas. Esta secagem origina um material de melhor qualidade por aumentar a rapidez do processo.
Para a secagem de plantas medicinais com fins de comercialização utilizam-se basicamente três
tipos de secadores: o secador de temperatura ambiente (já descrito anteriormente), o secador de temperatura e umidade controlada e os secadores especiais.
O "secador de temperatura e umidade controlada" é conhecido por "estufa" e tem o formato
semelhante ao anterior, diferindo por ser mais fechado e possuir uma pequena fornalha externa que é recomendada para locais de clima frio e chuvoso ou para dessecação de órgãos carnosos e/ou suculentos.
O uso de forno de microondas também é uma alternativa para secagem das plantas. As folhas mais
tenras e suculentas levam cerca de 3 minutos na secagem, e as ervas com folhas pequenas, mais secas, apenas 1 minuto. Por esse método preserva-se a cor e aroma das folhas.
Uma outra alternativa que vem sendo testada, nas instalações do Grupo Entre Folhas, é o secador onde se altera somente a umidade relativa do ar. Utiliza-se um aparelho que reduz a umidade relativa a níveis pré-estabelecidos, secando as plantas mais facilmente e em menor tempo. O aparelho elétrico, conhecido como desumificador, fica dentro de uma sala, vedada contra a entrada de ar úmido, luz e poeira. Dentro desta sala, ficam bandejas de madeira, com fundo em tela plástica branca, sobres as quais são colocadas as plantas colhidas. Este sistema é razoavelmente simples, pois envolve o uso de um só equipamento que permite a secagem rápida das plantas, quando a umidade relativa é fixada em 50 a 60%.

ARMAZENAMENTO E EMBALAGEM

O material está pronto para ser embalado e guardado quando começa a ficar levemente quebradiço.
O teor de umidade ideal após a secagem deve ser de 5 a 10% para folhas e flores, para cascas e raízes esta umidade varia entre 12 e 20%. O período de armazenagem deve ser o menor possível, para reduzir as perdas de princípios ativos. Preferencialmente o local deve ser escuro, arejado e seco, sem acesso de insetos, roedores ou poeira.
O acondicionamento do material vai depender do volume produzido e do tempo que se pretende armazená-lo. Na literatura são encontradas recomendações aplicáveis a condições de clima temperado, como o uso de tonéis de madeira não aromática, que conservam o produto por muito tempo. Serão necessários estudos para avaliar os diversos tipos de embalagens e o período de conservação máximo.
Pequenas quantidades de plantas podem ser colocadas em potes de vidro ou sacos de polietileno
ou polipropileno, que também parecem permitir boa conservação. O uso de sacos de juta tem sido utilizado a curto prazo. Em todos os casos não se recomenda colocar próximas as embalagens de espécies diferentes (principalmente as fortemente aromáticas) ou depositar diretamente sobre o piso (colocar sobre estrados próprios ou dependurar).
O material, antes de ser armazenado, deve ser inspecionado quanto à presença de insetos e fungos.
Durante o armazenamento deve-se repetir com frequência tais inspeções. No caso de ataque recomenda-se eliminar o material, não se aconselha o expurgo das instalações em presença das ervas, uma vez que não existe registro, para plantas medicinais, dos produtos normalmente utilizados nestas operações.




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