google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: junho 2016

ANUCIOS

sábado, 25 de junho de 2016

Agricultura Orgânica: Plantas de Cobertura de Solo (adubação verde)



Práticas agrícolas tradicionais como a monocultura, a médio prazo, causam inúmeros problemas para os ambientes de produção agrícolas. Como a degradação do solo, redução da produtividade além de desenvolver condições favoráveis para o aparecimento e desenvolvimento de doenças, pragas e ervas daninhas. No caso de doenças, patógenos sobrevivem no solo ou restos de culturas e aumentam de uma safra para outra acarretando sérias perdas em produtividade. Esta prática favorece a propagação de determinadas ervas daninhas, além da proliferação de pragas com conseqüente redução na produtividade, e na qualidade do produto colhido. Também é previsível um aumento nos custos de produção, devido ao maior uso de defensivos agrícolas.

É importante mudar de uma agricultura extrativista para uma agricultura sustentável e para isto será necessário a introdução de outras espécies vegetais. Com uma diversidade de espécies apropriadas de adubação verde e coberturas vegetais, após as principais culturas de verão como a da soja e milho, planejadas a permitir uma eficiente rotação de culturas, teremos uma solução viável para o problema.


Vantagens da Adubação Verde e Cobertura Vegetal do Solo

A adição de nitrogênio do ar para o solo através da simbiose com bactérias fixadoras, localizados nos nódulos das raízes das plantas leguminosas através da incorporação dos tecidos verdes da parte aérea das plantas. Algumas espécies como, por exemplo a ervilhaca (Vicia sativa L.), chegam a fornecer 90 kg de nitrogênio por hectare ao solo durante um único ciclo. Mesmo espécies que não fixam nitrogênio como o nabo forrageiro (Raphanus sativus L.) podem reciclá-lo de camadas mais profundas do solo que, quando decompostas, irão devolver esse nutriente à superfície, além de ajudar na decomposição do solo.
Promove a cobertura vegetal do solo, diminuindo o efeito da radiação solar, reduzindo a temperatura do solo.
A cobertura vegetal do solo reduz a erosão, protegendo o solo contra o impacto das chuvas, aumentando a infiltração e diminuindo a enxurrada. Auxilia no controle de ervas daninhas diminuindo a necessidade do uso de herbicidas, aumenta os teores de matéria orgânica contribuindo para a melhoria das características físicas e químicas e auxilia no controle de pragas pelo uso de plantas não hospedeiras e de doenças através da quebra de ciclo dos patógenos.
Descompactação do solo através do aprofundamento das raízes de certas forrageiras como o guandu e nabo, melhorando a porosidade e a atividade microbiana.
Melhora o equilíbrio dos microorganismo, alterando a flora e a fauna.
Contribui na retenção da umidade no solo, diminuindo o efeito das estiagens prolongadas.
Conseqüentemente, todos esses fatores combinados irão proporcionar um aumento significativo de produtividade na cultura comercial a ser implantada.

Manejo dos Adubos Verdes e Coberturas.

A) Em áreas de cereais que produzem uma safra por ano:
Plantar as forrageiras de cobertura imediatamente após a colheita da safra de verão, aproveitando as últimas chuvas de março / abril ou assim que a umidade do solo permitir.
Para adubação verde no sistema de plantio convencional fazer a incorporação da massa verde. No sistema de plantio direto cortar ou deitar a massa com rolo faca, rolo comum ou grade e depois dessecar a rebrota para formação de palhada para o plantio direto.
Para pastoreio e palhada no sistema de plantio convencional no final do pastoreio fazer a incorporação dos restos da cobertura. No sistema de plantio direto, após o pastoreio, vedar a cobertura por mais ou menos 20 dias e depois dessecar para a formação de palhada para o plantio direto na palha.
B) Em áreas de cereais que produzem duas safras por ano
Escolher a forrageira de cobertura ideal e semear 40 dias após o plantio da safrinha ou imediatamente após a colheita da safrinha ou nas primeiras chuvas de verão. Quando for curto o prazo de formação das coberturas, dar preferência para as mais precoces.
As áreas de sequeiro que produzem duas safras satisfatórias de cereais por ano são adotadas no sistema de plantio direto na palha, por isso, após a safrinha devemos cultivar as coberturas para dessecar e posterior formação de palhada para o plantio direto de verão. Não atrasar o plantio de verão para não atrasar também o plantio da safrinha.
Em toda área que é feito o plantio de cobertura, além de proteger o solo da radiação solar, aumentamos sua resistência contra a seca nos períodos longos de estiagem.
C) Em áreas de citrus e café
Para melhoria do solo, nas forrageiras de cobertura que rebrotam, roçar a 10 cm, quando tiverem com 1,20 m de altura ou deixar vegetar quando for de ciclo curto e porte baixo. Nos demais casos incorporar a massa verde.
Para proteção contra o vento, é indicado o plantio de crotalária juncea ou guandu ao redor do pomar.
D) Em áreas de cana de açúcar
Plantar o adubo verde na renovação do canavial no início do verão para não atrasar o plantio da cana. No sistema de plantio convencional fazer a incorporação da massa verde, quando as plantas estiverem toda florida ou no início da formação das vagens. No sistema de plantio direto cortar a massa verde com rolo faca e depois dessecar a rebrota.


Adubação verde e o manejo de plantas de cobertura do solo


     Do manejo correto do solo, ou seja, a forma de cultivar e tratar o solo, depende o sucesso da agricultura orgânica. Tudo o que acontece com o solo tem algum reflexo positivo ou negativo, no ambiente do qual ele faz parte. O cultivo orgânico prioriza a adição e a manutenção da matéria orgânica através da adubação orgânica (composto e estercos de animais), adubação verde, cobertura do solo e outras práticas, evitando, sempre que é possível o revolvimento do solo e, o mais importante, sem agredir o meio ambiente. O cultivo convencional, por sua vez, prioriza a utilização dos insumos modernos, especialmente os fertilizantes químicos, que só fornecem alguns nutrientes, são violentos acidificadores do solo e, aumentam ainda mais o custo de produção das culturas e, o que é pior, juntamente com os agrotóxicos, contaminam o meio ambiente, prejudicando a vida do solo e a saúde das pessoas.
     A utilização do adubo químico torna as plantas mais fracas e mais suscetíveis às pragas e doenças; o uso de fertilizantes químicos faz com que os aminoácidos (proteínas) se apresentem em forma livre, ao contrário do adubo orgânico onde os aminoácidos formam cadeias complexas, não estando disponível às pragas. Além disso, alguns adubos químicos são hidrossolúveis, isto é, dissolvem-se na água, sendo uma parte rapidamente absorvida pelas raízes das plantas, a maior parte é lixiviada, ou seja, é lavada pelas águas das chuvas e regas, indo poluir rios, lagos e lençóis freáticos e há ainda uma terceira parte que se evapora, como no caso dos adubos nitrogenados (como a uréia) que sob a forma de óxido nitroso pode destruir a camada de ozônio da atmosfera, sendo uma das causas do aquecimento global. 
                      
O que é adubação verde e como utilizar?

   Adubação verde, uma das maneiras de cultivar e tratar bem o solo, é uma técnica agrícola que consiste no cultivo de espécies de plantas com elevado potencial de produção de massa vegetal, semeadas em rotação, sucessão e até em consórcio com culturas de interesse econômico. No cultivo em rotação, o adubo verde pode ser incorporado ao solo após a roçada para posterior plantio da cultura de interesse econômico, ou mantido em cobertura sobre a superfície do terreno, fazendo-se o plantio direto da cultura na palhada. A manutenção da palhada na superfície retarda a germinação das sementes de plantas espontâneas (inços), ao passo que a sua incorporação ao solo tende a fornecer os nutrientes mais rapidamente para a cultura em sucessão. No consórcio, o adubo verde pode ser semeado nas entrelinhas ou em todo o terreno. Neste último caso, pode-se fazer a roçada na linha (em torno de 20cm) onde vai ser plantada a cultura de interesse econômico e, sempre que necessário para não prejudicar o crescimento da cultura. Estas espécies tem ciclo anual ou perene, isto é, cobrem o terreno por determinado período de tempo ou durante o ano todo. No entanto, a adubação verde por si só, não é suficiente para atender as culturas mais exigentes, como as hortaliças. Na maioria das vezes deve ser complementada pela adubação orgânica, feita preferencialmente com composto orgânico  ou estercos de animais curtidos, sempre baseada na análise do solo.  
Principais benefícios da adubação verde para o solo:  proteção contra a erosão (perda do solo),  e, diminuição da lixiviação (lavagem) de nutrientes; melhoria do solo, com maior infiltração e retenção de água; promove acréscimos de matéria verde e seca, mantendo ou até mesmo elevando o teor de matéria orgânica do solo; reduz as oscilações de temperaturas das camadas superficiais do solo e diminui a evaporação,  aumentando a disponibilidade de água para as culturas; pela grande produção de raízes, rompe camadas compactadas e promove a aeração beneficiando os organismos benéficos do solo; promove mobilização e reciclagem de nutrientes devido ao sistema radicular profundo e ramificado, retirando nutrientes de camadas mais profundas do solo, não aproveitados pelos cultivos; reduz a população de plantas espontâneas (mato ou inços no cultivo convencional), em função do crescimento rápido e agressivo dos adubos verdes; aumento da disponibilidade de macro e micronutrientes e ainda diminui a acidez do solo. As vantagens da adubação verde não param por aí: reduz pragas e doenças nos cultivos quando utilizada em rotação de culturas, e, em consorciação, pode servir de abrigo para os inimigos naturais dos insetos-pragas que atacam os cultivos.

 Como utilizar adubação verde em consórcio com as culturas? 

a principal desvantagem da adubação verde ocorre em pequenas propriedades, pois torna-se difícil manter o terreno coberto por um longo período de tempo com estas espécies no lugar das culturas econômicas. Neste caso, uma boa opção é utilizá-las em consórcio com as culturas econômicas. Por exemplo: cultivo mínimo (abertura do sulco e plantio/semeadura) de repolho, couve flor,tomate tutorado, milho e outras no final do inverno, em área semeada com aveia, ervilhaca ou nabo forrageiro, em plantio solteiro ou consorciado, no outono. A retirada das plantas de adubos verdes que competiam com as culturas é realizada apenas na linha de plantio, sendo  as entrelinhas mantidas com os adubos verdes ou quando necessário é feito a roçada. As plantas espontâneas (inços), com excessão de algumas muito agressivas, também podem ser utilizadas como adubos verde e cobertura do solo, em consorciação com as culturas.

Principais espécies de adubos verdes utilizadas em rotação e consorciação de culturas

Espécies de inverno, semeadas em março-julho :   
aveia preta – é a mais conhecida, rústica, boa cobertura, inibe as plantas espontâneas (inços) e ainda é ótima para alimentação animal. É ótima para efetuar rotação de culturas, pois é resistente às doenças; 
Ervilhaca - boa produção de massa, boa no uso consorciado com aveia e, é fixadora de nitrogênio do ar; 
nabo forrageiro – é uma espécie que descompacta o solo, devido ao sistema radicular profundo.

Espécies de verão, semeadas em setembro-dezembro
mucuna - boa para consórcio, fixa nitrogênio do ar e com grande capacidade de abafamento das plantas espontâneas. 
Feijão de porco-rústica, boa produção de massa, adapta-se bem ao consórcio, inibe a tiririca, cebolinha ou junça. Sugere-se para consórcio com culturas econômicas, o milho-verde semeado na mesma época de plantio da mucuna ou feijão de porco. 







quarta-feira, 22 de junho de 2016

Plantas Daninhas na Agricultura Orgânica



As “plantas daninhas” ou inços, são consideradas “amigos” das plantas cultivadas

Plantas invasoras ou ervas daninhas são termos que têm sido muito empregados na literatura agrícola e botânica brasileira, gerando confusões e controvérsias a respeito de seus conceitos. Em um conceito amplo, planta daninha refere-se a “toda e qualquer planta que ocorre onde não é desejada”. Esta definição ampla inclui as soqueiras ou plantas voluntárias de certas culturas, como por exemplo, batata e batata-doce que crescem em outras culturas implantadas em sucessão. Em termos agrícolas, planta daninha pode ser conceituada como “toda e qualquer planta que germine espontaneamente em áreas de interesse humano e que, de alguma forma, interfere prejudicialmente nas suas atividades agropecuárias”. Em termos agroecológicos, plantas ou ervas espontâneas e plantas invasoras são as espécies de plantas que se originam na área de cultivo, podendo ser espécies nativas ou exóticas já estabelecidas. As espécies nativas referem-se àquelas que se apresentam naturalmente na região, originárias da própria área, ao passo que espécies exóticas são as espécies introduzidas na região, que não são nativas ou originárias da própria área. A Instrução Normativa nº 007 do MAPA, de 17 de maio de 1999, adota, entre outras normas disciplinares para a produção vegetal orgânica, o termo plantas invasoras, sendo, entretanto, muito comum o uso do termo plantas espontâneas nos sistemas de produção orgânica. 

Porque o termo “plantas daninhas” não é utilizado na agricultura orgânica?  

não é apropriado, pois leva em conta apenas seus efeitos negativos sobre a produção, ignorando os efeitos positivos do mato sobre as plantas cultivadas. Na agricultura orgânica, estas são chamadas de plantas espontâneas (espécies que germinam na área de cultivo) ou indicadoras de algum problema no solo. Quando uma planta se torna agressiva, chamada de “invasora”, “mato” ou “inço” e domina uma área, o problema não está na planta, mas no solo e/ou no ambiente que o envolve. Portanto, para que esta planta não domine a área cultivada, primeiro é preciso resolver os problemas existentes no solo. Na agricultura orgânica esta planta é denominada “indicadora” de algum problema existente no solo. Por exemplo, a guanxuma (Sida spp.), a samambaia (Pteridium aquilinum), o capim marmelada ou papuã (Brachiaria plantaginea), a carqueja (Baccharis spp.), o picão preto (Bidens pilosa) e o picão branco (Galinsoga parviflora) indicam problemas de solos compactado, ácido, constantemente arado e gradeado, pobre, desequilibrado e com excesso de nitrogênio e deficiente em micronutrientes,  respectivamente.
     As “plantas espontâneas, no sistema de produção orgânico, são chamadas de “amigas” das plantas cultivadas pois podem perfeitamente conviver com  os cultivos após o período crítico de competição, especialmente por luz, nos primeiros 30 dias após o plantio. A grande maioria das plantas espontâneas também podem funcionar como plantas de cobertura do solo, protegendo-o contra a erosão e adversidades climáticas, ajudam na descompactação do solo, contribuem para adubação verde  e até como abrigo e alimento de inimigos naturais dos insetos-pragas que atacam as culturas. A presença de beldroega (Portulaca oleracea), por exemplo,  indica que o solo é fértil, não prejudica as lavouras, protege o solo e ainda é planta alimentícia com elevado teor de proteína.
Como são controladas as “plantas daninhas” ou mato no sistema convencional e suas implicações no meio ambiente?  neste sistema é utilizada a chamada capina química, ou seja, são utilizados os herbicidas com inúmeras conseqüências ao meio ambiente e à saúde das pessoas, especialmente quando não são usados os equipamentos de proteção individual.   Os herbicidas mais utilizados são a base de glyphosate e paraquat, mais conhecidos comercialmente como roundup e gramoxone, respectivamente. O roundup para a saúde humana é um dos produtos que mais causam doenças de pele, problemas respiratórios,  além de causar danos genéticos e efeitos negativos na reprodução de vários organismos. O glyphosate fica no solo por mais de um ano, mata insetos benéficos como vespas parasitárias e joaninhas, afeta minhoca e fungos benéficos e ainda aumenta a susceptibilidade das plantas às doenças. Por outro lado, o paraquat é o herbicida de longa persistência no ambiente. É importante lembrar que estes produtos estão proibidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de serem usados em áreas urbanas, pois não tem como impedir o trânsito de pedestres nas ruas das cidades pelo menos nas 24 horas após a aplicação.

Manejo de plantas de cobertura e  de plantas espontâneas na agricultura orgânica

     As plantas de cobertura do solo, tradicionalmente, têm sido utilizadas para conservação do solo e suprimento de nitrogênio, através das leguminosas. Atualmente, as plantas de cobertura são importantíssimas na conservação do solo, no suprimento de nutrientes como o nitrogênio, no equilíbrio das propriedades do solo e até no manejo de plantas espontâneas. As plantas de cobertura afetam a germinação das sementes e o crescimento das plantas espontâneas, podendo, quando a cobertura do solo estiver acima de 90%, reduzir em até 75%, estas plantas. Áreas infestadas por tiririca ou junça (Cyperus rotundus), indicadora de solo ácido, compactado e com carência em magnésio (Mg)  podem ser melhoradas com plantas de cobertura tais como feijão miúdo, feijão de porco e mucuna preta. Diversas plantas espontâneas também podem serem utilizadas como cobertura do solo nas entre linhas dos cultivos, manejando-se com roçadas, sempre que necessário. As práticas adotadas nas regiões produtoras influenciam no desenvolvimento das espécies de plantas espontâneas ou indicadoras. A escolha das áreas para cultivo é muito importante,  evitando-se áreas infestadas com plantas perenes. Em caso de áreas muito infestadas com plantas espontâneas anuais, o atraso no plantio, após o preparo do  solo, permitirá a germinação antecipada das sementes destas plantas, sendo a semeadura ou plantio da cultura após a eliminação das plantas espontâneas.  Os métodos culturais englobam práticas que tornam a cultura mais competitiva do que as plantas espontâneas, e o mais importante, prevenindo a infestação de forma a evitar a multiplicação de sementes. Na adubação orgânica, preferencialmente deve ser utilizado o composto orgânico, pois os estercos de animais, especialmente o de gado deve ser evitado, pois além de conter sementes de plantas espontâneas, ainda pode prejudicar as plantas cultivadas se forem originário de áreas onde foi aplicado herbicidas. A cobertura morta ou viva com vegetais é outra prática recomendável para diminuir a incidência de plantas espontâneas.  
Principais espécies de adubos verdes utilizados no manejo de plantas espontâneas - estas espécies podem serem semeadas isoladamente ou consorciadas. Também podem serem semeadas, isoladamente ou em consórcios com os cultivos de interesse econômico que utilizam maior espaçamento entre plantas.                 

Espécies de inverno (março-julho):   aveia preta – é a mais conhecida, rústica, boa cobertura, inibe as plantas espontâneas (inços) e ainda é ótima para alimentação animal. É ótima para efetuar rotação de culturas, pois é resistente às doenças;ervilhaca - boa produção de massa, boa no uso consorciado com aveia e, é fixadora de nitrogênio do ar; nabo forrageiro – descompacta o solo, devido ao sistema radicular profundo.                             

Espécies de verão (setembro-dezembro):  mucuna - boa para consórcio, fixa nitrogênio do ar e com grande capacidade de abafamento das plantas espontâneas;  feijão de porco - rústica, boa produção de massa, adapta-se bem ao consórcio, inibe a tiririca, cebolinha ou junça. Como sugestão de consórcio com culturas econômicas, sugere-se o milho-verde semeado na mesma época da mucuna (Figura 1) ou feijão de porco.






terça-feira, 21 de junho de 2016

AGRICULTURA ORGÂNICA

         

A sociedade brasileira não admite mais a intensa contaminação do meio ambiente e da saúde do consumidor e agricultor pelo uso desenfreado de agrotóxicos. No mundo inteiro as pessoas estão cada vez mais preocupadas com a saúde e com o consumo de alimentos mais saudáveis. A sociedade, na busca de uma alimentação mais sadia e natural, mudou o conceito de qualidade e passou a exigir produtos cada vez mais “limpos”, isto é, livres de produtos químicos, principalmente resíduos de agrotóxicos. Por não utilizarem agrotóxicos e adubos químicos solúveis e, por serem produzidos com técnicas ambientalmente corretas, os alimentos orgânicos são os ideais para toda a família. Além disso, em comparação com os produtos obtidos no sistema de cultivo convencional, ou seja, que utilizam agroquímicos, os produtos orgânicos possuem maior teor de vitaminas e sais minerais, bem como maiores teores de proteínas, aminoácidos, carboidratos e matéria seca e, ainda melhor sabor e conservação. Além do maior custo, devido à dependência externa, os agroquímicos, especialmente quando aplicados incorretamente, contaminam o lençol freático e córregos, colocando em risco a saúde do agricultor, do consumidor e do meio ambiente.
O Centro de Informações Toxicológicas - CIT, situado no Hospital Universitário da UFSC, possui levantamentos bastante preocupantes. De 1990 até 2007, o CIT detectou 9.300  intoxicações de agricultores em Santa Catarina e 233 mortes (fonte: www.anvisa.gov.br).  Segundo os técnicos do CIT, isto representa apenas uma pequena parte (aquilo que se conseguiu registrar) da realidade. Os números são, na verdade, bem maiores. Estima-se que para cada caso registrado existam mais 10 que não são registrados devido a dificuldade no diagnóstico correto.  No Brasil, somente no ano de 2007, foram registrados 19.235 casos de intoxicações por agrotóxicos. No Brasil, maior consumidor de agrotóxicos do mundo, foram vendidas 725,6 mil toneladas dessas substâncias, somente em 2009, movimentando 6,62 bilhões de dólares, segundo dados da própria indústria de agrotóxicos.
         Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ –  realizada com frutas e hortaliças nos maiores centros consumidores do Brasil desde 2001, comprova que várias espécies cultivadas estão seriamente contaminadas por resíduos de agrotóxicos e, o que é pior, por produtos não autorizados para as culturas. Relatório recente da Anvisa, em 26 estados, pesquisando 20 espécies (frutas e hortaliças) em 2009,  revela que 907 (29%) amostras de um total de 3.130 amostras coletadas, incluindo todas as espécies pesquisadas, estavam contaminadas, alcançando no pimentão, uva, pepino, morango, couve, abacaxi, mamão, alface, tomate e beterraba até 80; 56,4; 54,8; 50,8; 44,2; 44,1; 38,8; 38,4; 32,6 e 32% de amostras contaminadas, respectivamente. Os agrotóxicos encontrados nestes cultivos, são ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda comprovada, e que causam problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.
         Pesquisas comparando sistemas de produção, comprovaram que é possível produzir hortaliças  orgânicas, ou seja, sem o uso de adubos químicos e agrotóxicos e que alguns mitos criados sobre a agricultura orgânica são falsos: é cara, produz menos e com pior qualidade quando comparados aos obtidos no sistema convencional. Os resultados obtidos evidenciaram que o cultivo orgânico de hortaliças é mais barato (reduz o custo com insumos em até 50%), produz tanto  quanto no sistema convencional e,  para algumas espécies a produtividade é superior e de melhor qualidade, a fertilidade do solo é maior e mais duradoura , além de tornar o produtor menos dependente de insumos (a maioria são importados e caros) pois pode prepará-los na própria propriedade e, o mais importante, sem riscos ao produtor, consumidor e meio ambiente.
          A agricultura orgânica é o termo que se emprega para designar o sistema de produção ecológico e sustentável, baseado na preservação e respeito à terra, ao ambiente e ao homem.  O cultivo orgânico é uma forma natural de produzir alimentos sem o uso de agrotóxicos, adubos químicos  e outros produtos químicos prejudiciais á saúde humana e ao meio ambiente.  A utilização deste sistema significa fazer as pazes com a natureza (Figura 1), protegendo os recursos naturais e produzindo de forma  mais barato, comida mais gostosa e nutritiva e, o mais importante, protegendo as futuras gerações, restaurando a biodiversidade e preservando a diversidade biológica, que é a base de uma sociedade equilibrada.
         Na agricultura orgânica o solo é tratado como um organismo vivo, os insetos-pragas e doenças são manejados, somente quando necessário, com produtos naturais e os inços errôneamente chamados de plantas “daninhas”, são considerados “amigos” das plantas cultivadas e denominados corretamente de plantas espontâneas ou indicadoras de algum problema no solo. Outras práticas tais como  plantio direto, cultivo mínimo, adubação orgânica e verde, uso de cultivares resistentes às pragas e doenças, cobertura morta, rotação e consorciação de culturas, são essenciais para o sucesso do cultivo orgânico, pois conduzem à estabilidade do agroecossistema, ao uso equilibrado do solo, ao fornecimento ordenado de nutrientes e à manutenção de uma fertilidade real e duradoura no tempo.