google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: julho 2017

ANUCIOS

sábado, 29 de julho de 2017

Adubação Orgânica em Horta



Sempre que possível e econômica, a adubação orgânica deve ser efetuada. Para a cana-de-açúcar, o uso de vinhaça e torta de filtro, resíduos importantes da agroindústria canavieira, representam importantes aportes de matéria orgânica e de potássio e fósforo, respectivamente.

A manutenção da palhada sobre o solo também garante importante reciclagem de nutrientes, principalmente de potássio e nitrogênio. Quanto à adubação orgânica, todas as fontes de material orgânico que não contenham elementos tóxicos ou contaminantes podem ser utilizadas. É necessário lembrar que as fontes orgânicas não contém todos os nutrientes em quantidades balanceadas. Portanto, pode ser necessário adicionar, também, adubos químicos.

Para a cana, os resíduos das usinas, como a torta de filtro e a vinhaça, são excelentes fontes de fertilizantes orgânicos. Os compostos formados com essas fontes são, também, de grande eficiência e podem ser adicionados a outros resíduos, como a cama de frango, palhadas, restos de cultura, dejetos animais, lixo orgânico e lodo de esgoto, desde que não contenham metais.

A adição de matéria orgânica melhora, consideravelmente, as características físicas e biológicas do solo. Os maiores benefícios constatados são: 

redução do processo erosivo; 
maior disponibilidade de nutrientes às plantas;
maior retenção de água;
menor diferença de temperatura do solo durante o dia e a noite;
estimulação da atividade biológica;
aumento da taxa de infiltração;
maior agregação de partículas do solo.
A adubação orgânica tem, ainda, outros aspectos bastante favoráveis. Ela utiliza resíduos cujo descarte causaria impactos ambientais. Outro ponto forte desse tipo de adubação é o seu tempo de duração. O processo de absorção dos nutrientes orgânicos envolve decomposição e mineralização. Assim, a adubação orgânica é uma fonte de nutrientes lenta e duradoura.

Contudo, a composição nutricional da adubação orgânica, em alguns casos, pode não ser balanceada, devido à origem da matéria-prima empregada nesse tipo de adubação (Tabela 1), tornando-se necessária a complementação com fertilizantes minerais. 

Tabela 1. Composição química típica de vários materiais orgânicos de origem animal, vegetal e agroindustrial. 


































O maior empecilho do emprego da adubação orgânica em grandes áreas é a falta de equipamentos adequados para a aplicação no campo, pois, geralmente, são materiais com alto teor de umidade, o que torna a atividade pouco eficiente e demorada em relação à adubação mineral. 

Estercos de origem animal

Dos adubos orgânicos, o esterco animal é considerado o mais importante, sendo que seu principal nutriente é o nitrogênio. Sua composição química possui outros elementos, como o fósforo e o potássio. Apesar de ser bastante rico em nutrientes, pelo fato de a concentração dos elementos químicos presentes no adubo ser desbalanceada, o esterco animal deve ser aplicado e complementado por doses adicionais de fertilizantes minerais. A mistura de esterco com adubos fosfatados tem mostrado excelentes resultados, pois além de ajudar a reter o fósforo no solo, reduz as perdas de nitrogênio.

Compostos

O composto é resultado da decomposição de restos vegetais. A decomposição pode ser feita com o auxílio de camadas superficiais de terra ou esterco animal que, pela presença de grande quantidade de microrganismos, aceleram a decomposição do material vegetal. A decomposição dos restos vegetais também é possível por meio da adição de corretivos, como o calcário e a uréia na mistura.

Os compostos podem possuir diferentes quantidades de carbono, nitrogênio e outros nutrientes. A relação entre as quantidades de carbono e nitrogênio e carbono e fósforo dá uma idéia do tempo de liberação dos nutrientes no solo. Assim, é possível prever quando será necessária uma nova aplicação.

Lodo de esgoto e lixo urbano

Os lodos de esgoto, embora muito carentes em potássio, possuem elevados teores de fósforo. Por sua vez, o lixo urbano é rico em nutrientes importantes para as plantas. Porém, a aplicação deles exige alguns cuidados, pois há possibilidade da presença de patógenos e metais pesados em ambos.

O lodo de esgoto ou biossólido e o lixo urbano são recomendados como fonte de nutrientes, principalmente para a manutenção de parques e jardins, culturas de interesse madeireiro ou para produção de alimentos, desde que o produto da colheita, durante seu desenvolvimento, não tenha tido contato direto com o lodo, como exemplo, as espécies frutíferas.

Vinhaça

Além de ser uma excelente fonte de potássio, a vinhaça é também fonte de muitos outros nutrientes, como nitrogênio, cálcio, magnésio, zinco e cobre. A vinhaça é recomendada conforme a fertilidade do solo e o tipo de mosto responsável por sua obtenção. Sua aplicação nas propriedades agrícolas tem sido responsável por aumentos de pH e notável elevação da atividade biológica do solo.

A quantidade de vinhaça a ser aplicada na propriedade varia de 60 a 250 metros cúbicos por hectare, conforme a concentração de potássio existente no solo. A aplicação da vinhaça é uma boa opção para os produtores de cana-de-açúcar, pois, como é gerado pela indústria canavieira, sua obtenção é relativamente fácil.

Torta de filtro

Assim como a vinhaça, a torta de filtro também é um resíduo gerado nas etapas de produção da agroindústria canavieira. Isso facilita a sua obtenção para o produtor de cana-de-açúcar.

Além de possuir alto teor nutricional já no primeiro ano de aplicação, a torta de filtro é capaz de liberar grande quantidade dos seus nutrientes no solo. Outra boa característica é sua capacidade de reter água e de manter a umidade do solo.

O resíduo umidecido pode ser aplicado na cultura da cana-de-açúcar em área total, com uma concentração de 80 a 100 toneladas por hectare. No sulco do plantio pode ser aplicada com uma concentração de 15 a 30 toneladas por hectare e, nas entrelinhas, com uma concentração de 40 a 50 toneladas por hectare.

Adubação orgânica para hortas caseiras

As plantas necessitam de vários nutrientes para se desenvolverem de forma equilibrada e cumprirem sua função no ambiente. São mais de 35 nutrientes absorvidos pela planta, no entanto existem aqueles que são exigidos em maior quantidade.
Para facilitar sua compreensão, os nutrientes essenciais para as plantas foram divididos em Macronutrientes e Micronutrientes. De forma bem simples, os Macronutrientes são os que as plantas absorvem em maior quantidade e os micronutrientes são absorvidos em menor quantidade.
Isso não significa que a importância de um nutriente está na quantidade que a planta absorve. O que importa é o equilíbrio nutricional de tal modo que se aquele nutriente que a planta absorve em pequena quantidade não estiver presente ou em deficiência, pode interferir na absorção de outros nutrientes e, por consequência no desenvolvimento da planta.

Macronutrientes e Micronutrientes

Os macronutrientes são o Nitrogênio (N), Fósforo (P), Potássio (K), Cálcio (Ca), Enxofre (S) e Magnésio (Mg). Os micronutrientes mais importante são o Boro (B), Zinco (Zn), Cobre (Cu), Ferro (Fe), Manganês (Mn), Molibdênio (Mo) e Níquel (Ni).
O símbolo de cada nutriente acompanha a tabela periódica dos elementos, por isso que o Fósforo, por exemplo é representado pela letra “P”, (Phosphorus em latin).
Cada nutriente exerce uma ou mais funções na planta de tal modo que seu excesso ou falta prejudica vários processos vitais para seu desenvolvimento. Há também interações benéficas e maléficas entre os nutrientes como por exemplo a relação Ca/Mg que de acordo com pesquisas para alguns cultivos, deve estar em 4 partes (Ca) para 1 parte (Mg) na planta. Outra exemplo é a função do potássio como estimulante para a planta resistir ao ataque de insetos e pragas.

Fontes de Nutrientes

Todas as fontes de nutrientes para as plantas são naturais, são extraídos da natureza! O que diferencia são os processos químicos e industriais que essas fontes passam para agregar alguma função como a solubilidade, concentração e maior disponibilidade para as plantas.
A agricultura mundial utiliza fontes de nutrientes altamente solúveis baseadas em Nitrogênio (N), Fósforo (P) e Potássio (K), conhecido como N-P-K. Com certeza se você já foi numa loja agrícola ou de jardinagem se deparou com adubos com essas letras.
Ocorre que o uso de adubos muito solúveis trazem alguns efeitos colaterais como a acidificação mais rápida do solo, aumento da infestação de pragas, diminuição dos microrganismos do solo, além de um grande gasto energético nos processos industriais de obtenção.
O uso dessas fontes de nutrientes  é proibido em sistemas de produção de alimentos orgânicos, são preferidos fontes orgânicas provenientes da transformação de restos vegetais e animais através da compostagem (fermentação) realizada por centenas de milhares de microrganismos. Eles decompõem a matéria orgânica, liberando os nutrientes para as plantas.
Então se você já tem ou pretende fazer uma horta orgânica de qualquer tamanho, use somente adubos orgânicos que vão fornecer bem mais que os nutrientes para as plantas. Estão presentes nos adubos orgânicos, microrganismos benéficos ao solo, hormônios vegetais, indutores de crescimento e de resistência às pragas e doenças. Melhora a capacidade do solo em armazenar água, facilita sua aeração e a descompactação.   
As fontes orgânicas de nutrientes mais comuns são: Estercos de animais (bovino, equino, caprino, coelhos, suínos). Húmus de minhocas, obtido pelo processo de digestão da matéria orgânica pelas minhocas, aliás escrevi um artigo sobre o poder do húmus de minhoca e os passos para obtenção.
O problema de sua utilização é a disponibilidade e a qualidade desses tipos de adubos aí na sua região. Você tem dois caminhos: fazer seu próprio adubo orgânico ou compra-lo em lojas de jardinagem e/ou agrícolas.
O primeiro caminho requer mais tempo e matéria orgânica em qualidade e quantidade suficientes, mas esse assunto vou tratar nos próximos artigos. O segundo é mais fácil e rápido e você deve estar atento a origem desse adubo, alguns vêm misturados com fontes solúveis como a uréia (fonte de N), superfosfato simples (fonte de P) e cloreto de potássio (fonte de K).
Aqui vai algumas recomendações que devem ser observadas no momento da compra de adubos orgânicos:
  • Prefira adubos com o Selo Nacional de Conformidade Orgânica, ele é mais uma garantia que é permitido para sua horta;
  • Observe algumas informações no rótulo como a umidade e a garantia mínima de nutrientes. A umidade tem que ser no máximo 30%, cuidado para não comprar mais água a adubos; As garantias mínimas de nutrientes servirão de base para calcular a quantidade de adubos aplicados em sua planta, e se você tem dúvidas em relação a isso, posso te ajudar com recomendações específicas para o seu caso.
  • Uma informação simples mas que muita gente não se atenta é a validade. Adubos orgânicos fora da validade podem estar contaminados com fungos e bactérias que causam doenças em plantas. A quantidade de nutrientes diminui ao longo do tempo. Já atendi muitos agricultores que compraram adubos orgânicos fora da validade ou não se atentaram para essa informação e não tiveram resultado esperado.

Quando e quanto usar?

Cada planta tem  necessidades específicas de nutrientes, e para fazer uma recomendação mais precisa de adubação é necessário conhecer o seu solo. Para isso só coletando uma amostra e enviar para um laboratório para conhecer a quantidade de nutrientes seus índices de fertilidade.
Como sei que para hortas orgânicas caseiras, esse tipo de análise é mais difícil de ser realizada, existem algumas recomendações básicas para o momento de plantio e manutenção da sua horta.

Horta em vasos

A absorção de nutrientes das plantas em vasos é diferente pois as raízes têm impedimentos físicos ao seu crescimento. Dessa forma a absorção  pode ocorrer de forma mais intensa em  todo o volume do vaso, o que não ocorre quando plantadas em canteiros.
Hortaliças folhosas (Alface, cebolinha, coentro, couve e salsa)
Adubação de plantio: 1:1 ( uma parte de terra para uma parte de adubo orgânico)
Adubação e manutenção: 50 a 100 g por vaso a cada 15 dias dependendo do ciclo da hortaliça, para alface por exemplo duas adubações bastam pois ela será colhida com 25 a 35 dias após o plantio nos vasos
Hortaliças que dão frutos (Tomate, pimenta, pimentão, berinjela, abóboras)
Adubação de plantio: 2:1 (duas partes de terra para 1 parte de adubo)
Adubação de manutenção: 150 a 200 g de adubo orgânico por planta após 30 dias do plantio até o início do florescimento, aumentar para 200 a 300 g por planta a cada 15 dias na fase de florescimento e frutificação.



Horta em canteiros e berços
Para hortas orgânicas em canteiros o parâmetro de adubação usado é a quantidade por metro quadrado de canteiro. Berços são orifícios circulares, retangulares ou quadrados feitos no solo para o plantio sem a necessidade de canteiros. É mais comum chamar de covas, no entanto a palavra cova é usada para coisas mortas, neste caso estamos plantando seres vivos, então a palavra berço gera um sentido de cuidado maior, aliás essas plantinhas são verdadeiros bebês.
Hortaliças folhosas
Adubação de plantio: 1 a 2 kg/m2 de adubos orgânicos
Adubação de manutenção: 300g/m2 15 dias após o plantio dependendo do ciclo da hortaliça.


Hortaliça-fruto em berços

Adubação de plantio: 500 a 600g/planta
Adubação de manutenção: 300g/planta 20 dias após o plantio, repetindo a cada 20 dias até o início do florescimento. Nesta fase aumentar para 400g/planta mantendo a mesma frequência de aplicação.

Só lembrando que são recomendações médias baseadas na literatura, e em minha experiência ao longo de 12 anos ajudando agricultores na área urbana e rural a cultivarem hortas e pomares em transição ou em sistemas orgânicos consolidados.
Se você cultiva ou pretende cultivar em áreas acima de 1000 m2 recomendo que faça uma análise química e física do solo e peça para um Agrônomo fazer a interpretação e recomendação da adubação. Sei que ainda ficaram algumas dúvidas, não se acanhe e escreva suas perguntas e sugestões  na área de comentários.

terça-feira, 25 de julho de 2017

ABETO BRANCO (Abies Alba)



O abeto-prateado ou abeto-branco é uma árvore da família Pinaceae. Nativo das regiões montanhosas da Europa, de porte piramidal, tamanho médio ou elevado, entre 20 e 50 metros, pode alcançar até 60 metros de altura.
Nome científico: Abies alba
Classificação: Espécie
Classificação superior: Abeto
Estado de Conservação: Pouco preocupante

O abeto-prateado ou abeto-branco (Abies alba) é uma árvore da família Pinaceae. Nativo das regiões montanhosas da Europa, de porte piramidal, tamanho médio ou elevado, entre 20 e 50 metros, pode alcançar até 60 metros de altura. O seu tronco é colunar, desprovido de ramos na parte inferior, de até 6 metros de diâmetro.

Abeto é o nome popular das diversas espécies do gênero Abies. São árvores coníferas da família Pinaceae, nativas de florestas temperadas da Europa, Ásia e América do Norte

Descrição :

Árvore que atinge de 20 à 60 metros de altura de porte piramidal, tem a casca lisa, acinzentada e curiosamente produz flores "masculinas" e "femininas". também produz pinhas que ao amadurecer liberam pinhões e escamas.

Parte usada : Agulhas, resina fresca (terebintina) e gomos.

Origem : Montanhas Europeias, Europa Central, Meridional e nos Pirinéus, na região do Canadá (América do Norte) existem algumas espécies similares e com as mesmas propriedades.

Indicações : Revulsiva, balsâmicas, expectorantes, analgésica e antissépticas, especialmente das vias respiratórias.

Dosagem : Inalação ou ingestão de doses excessivas de terebintina produzida pelo abeto pode produzir irritação do sistema nervoso, sobretudo em crianças.

Propriedades : antisséptico, expectorante, diurético, balsâmico

Princípios Ativos : Óleo essencial (linoneno, alfa-pineno), glicosídeos, essência de terebintina, pró-vitamina A e tanino.

Modo de Usar :

Uso Interno:

3 colheres de gomos para um litro de água à ferver, deixe repousar por 10 min. e tome 1 chávena 3 vezes ao dia.

Essência de terebentina, tomam-se entre 3 a 5 gotas também 3 vezes ao dia, não exceder esta dosagem.

Uso externo:

Juntam-se algumas gotas na água do banho de imersão e isso alivia dores reumáticas.

Os banhos de vapor através de inalações são indicados para asma.


Toxicologia : Não indicado para quem faz regime de emagrecimento ou manutenção de peso, por ser muito calórico e gorduroso.

Efeitos secundários : Não se deve utilizar doses excessivas de essência de terebintina em uso interno nem em uso externo, porque pode produzir irritação do sistema nervoso central

PLANTA MEDICINAL ABETO-BRANCO



Abiex alba Mili. Abeto-pectinado
Abictácens

O abeto-branco já povoava a terra há 55 milhões de anos, e, ultrapassando os formidáveis movimentos geológicos da era quaternária, de descendência em descendência chegou até aos nossos dias. Planta longeva que pode atingir os 800 anos, é uma magnífica conífera. Pelo seu porte majestoso, o abeto-branco é sem exagero o rei das florestas, perfeitamente piramidal, com enormes ramos opostos regularmente abertos, estreitando-se para o vértice. Estes grandes abetos formam frequentemente nas vertentes sombrias dos maciços montanhosos cerradas florestas com sombras rectilíneas que se estendem pelas encostas sem contudo atingir as planícies. Outrora, os médicos utilizavam a terebintina com cheiro a limão extraída da sua resina, mas actualmente esta substância foi posta de parte, sendo substituída pela do pinheiro. Os fitoterapeutas mantiveram-se fiéis não só à resina recente do abeto, mas também às agulhas e aos gomos ainda fechados. Estes últimos, muito pequenos e tão activos como os do pinheiro, são bastante difíceis de secar e conservar, se bem que as suas importantes propriedades justifiquem as precauções necessárias e uma atenta vigilância durante a colheita. Têm cheiro levemente limonado e sabor ligeiramente acre.

Habitat da planta medicinal Abeto-Branco: Europa Central e Meridional, montanhas; de 400 a 2000 m.

Identificação: alé 50 m de altura. Árvore; tronco erecto, casca lisa, esbranquiçada, seguidamente escurecida, ramos escalonados em plano horizontal, concentrando-se no vértice com o decorrer dos anos; gomos resinosos, agulhas simples, achatadas, dispostas em duas tilas, verde-escuras, lustrosas na página superior, persistindo entre 8 e 11 anos; flores (Abril-Maio), monoicas, amentilhos masculinos fixados na face interior dos ramos, amentilhos femininos primeiramente vermelhos e depois verdes e castanhos, formando em seguida lon-gas pinhas erectas (16 cm), com brácteas acuminadas que caem com as sementes. Partes utilizadas: agulhas, resina fresca, gomos (Primavera); secagem em camadas finas.

Componentes da planta medicinal Abeto-branco
: óleo essencial, terebintina, provitamina A

Propriedades da planta medicinal Abeto-branco
: antiescorbútico, antiespasmódico, anti-séptico, diurético, expectorante, revulsivo, sudorífico

A planta medicinal Abeto-branco
é Usada para tratamento de : bronquite, cistite, enfisema, frieira, leucorreia, menstruação, pé, sudação, úlcera cutânea, varizes.

Propriedades e benefícios desta planta


Saiba como usar os benefícios do abeto branco para revigorar a saúde

O abeto branco é uma planta com diversas propriedades que auxiliam o corpo a prevenir e tratar algumas doenças. Entre as funções da erva estão sua ação contra-irritante, expectorante (principalmente das vias respiratórias), antiescorbútico, balsâmica, analgésica, anti-espasmódico antisséptica, diurética e sudorífico.

Essas propriedades dão ao abeto branco a capacidade de atuar contra o escorbuto, enfisema, bronquite, asma, leucorreia e sudação. Além disso, é um remédio natural muito indicado para o tratamento de cistite, menstruação, frieiras, úlcera cutânea, varizes, reumatismo e outros tantos problemas que afetam a saúde do pé e das unhas dessa parte do corpo.

Como usar o abeto branco?

Esse remédio natural pode ser usado tanto de forma interna como externa. O chá feito com essa planta serve de chá, para banhos e inalações. Além disso, o óleo de terebintina, extraído da planta, também pode ser ingerido.

O chá é feito através de três colheres de gomos e um litro de água. Os ingredientes são levados ao fogo até que alcancem a fervura. Em seguida, é deixado o líquido repousando por 10 minutos. A dosagem ideal é de três chávenas durante o dia. Já com a essência do óleo é ainda mais fácil, é só ingerir de três a cinco gotas da substância por dia.

Se o propósito é aliviar as dores reumáticas, o óleo também pode ser adicionado aos banhos. Além disso, quem deseja controlar a asma também pode fazer inalações dessa substância. Em ambas as situações basta pingar algumas gotas do óleo em água quente ou morna e aproveitar os benefícios que surgiram com alguns dias.

Contraindicações

O uso do abeto branco tanto de forma inalada, quanto por digestão, deve ser moderado e controlado, isso porque doses excessivas dessa substância podem provocar irritação do sistema nervoso central, principalmente em crianças. Também não deve ser ingerido para quem deseja perder peso, tendo em vista que essa planta é muito gordurosa e calórica.

terça-feira, 11 de julho de 2017

Abóbora de Serpente (Trichosanthes sanguínea)


Abóbora de Serpente

Trichosanthes sanguínea

Uma das indicações mais promissoras do usado dessa planta são as pesquisas de desenvolvimento de uma medicação para o tratamento da AIDS.

Descrição : Planta da família das Cucurbitaceae, também conhecida como pepino de cobra, serpentina, trata-se de uma trepadeira cujo o fruto é comestível.

Origem : Índia.

Propriedades medicinais: laxante, purgativa e vermífuga.

Parte usada: frutas, raízes.

Princípios Ativos :
Tricosantin, proteína de inativação ribossômica.
Atualmente o principal fornecedor dessa proteína é a planta medicinal chinesa Tian-Hua-Fen ( Trichosanthes Root ), da mesma família da abóbora de serpente. Sendo que sua utilização mais promissora é a pesquisa no desenvolvimento de uma medicação para tratamento da AIDS.



Indicações
O Gênero Trichosanthes no Tratamento de Diabetes
Tricotsanthes usado no tratamento da diabetes tem origem nos tratados escritos por Liu Wansu (cerca de 1120-1200 dC). Ele propôs a teoria de que as doenças são geralmente causadas por calor no corpo, que deve ser combatida pelas ervas que tinham uma natureza fria.
Sua teoria perdura até hoje na medicina chinesa, pis na fase inicial da doença é tratada essencialmente por ervas que provocam calor e nutrem Yin. Uma das suas fórmulas ainda usada para tratar a diabetes é o Ophiopogon Trichosanthes Combinação (Maimendong Yinzi). A maioria das ervas nesta fórmula (que também é usado para tratar a tosse com expectoração pegajosa) têm mostrado pela pesquisa moderna para diminuir o açúcar no sangue.



As plantas com propriedades medicinais são utilizadas para tratar diversas condições de saúde desde tempos imemoriais. No entanto, é preciso conhecermos as propriedades, os benefícios e as contraindicações de cada uma delas para que haja nenhum risco à nossa saúde.
Uma das plantas medicinais que podemos utilizar é a abóbora de serpente, que possui propriedades laxantes e é indicada para tratar vermes.

As características da abóbora de serpente



A abóbora de serpente, de nome científico trichosanthes sanguinea, é uma planta pertencente à família das cucurbitaceae. Originária da Índia, é também conhecida por outras denominações, como pepino de cobra e serpentina.
Trata-se de uma trepadeira que possui fruto comestível e propriedades fitoterapêuticas, sendo que as suas partes utilizadas são as frutas e as raízes. O princípio ativo da abóbora de serpente é a tricosantin, uma proteína de inativação ribossômica. Nos dias de hoje, o principal fornecedor desta proteína é a Tian-Hua-Fen, uma planta com propriedades medicinais originária da China e que pertence à mesma família da abóbora de serpente.

As propriedades medicinais e as indicações de uso

Dentre as propriedades medicinais da abóbora de serpente estão as seguintes:
  • Laxante;
  • Anti-helmíntica;
  • Aperiente;
  • Purgativa;
  • Vermicida;
  • Vermífuga
Esta planta somente é indicada para auxiliar no tratamento de vermes. Há, ainda, alguns estudos em desenvolvimento para a criação de um medicamento que poderia auxiliar no tratamento da AIDS.

Efeitos colaterais e contraindicações

Não foram encontrados efeitos colaterais e contraindicações para a abóbora de serpente na literatura consultada, mas lembre-se que o uso de produtos naturais também pode ser muito perigoso para a sua saúde. Existem muitas plantas que possuem substâncias contraindicadas para gestantes, crianças e indivíduos com algum problema de saúde. Além disso, consumir um produto natural em quantidade inadequada pode causar efeitos colaterais em qualquer indivíduo.
Antes de iniciar qualquer tratamento – seja ele natural ou não – é necessário consultar um especialista de sua confiança.

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Abajerú (Chrysobalanus icaco)


Abajerú

Chrysobalanus icaco

O Abajeru é um arbusto originário da América Tropica, da família das Chrysobalanaceae, que possui um fruto comestível, é comum em beiras de praias.

Descrição : Planta da família das Chrysobalanaceae, també conhecido como ajuru, apioba, engmo (Angola), icaco, jingimo (Angola), mafua (Angola).

É um arbusto que mede de 1 à 3 metros, de caule espesso, raramente chega à 10 metros. Encontra-se perto das praias e rios.

Tem enfolhescência oval, quase circular de 3 à 10 centímetros de comprimento e 2,5 à 7 centímetros de largura.

A cor das folhas varia de verde à vermelha.

A casca é acinzentada ou marrom avermelhada, com manchas brancas.

As flores são pequenas, em cachos, aparecendo no final da primavera, crescem em racemos, geralmente esbranquiçadas.

No final do verão nascem fruto em gomos, que da forma costeira a ser rodada, até 5 centímetros de diâmetro, amarelo pálido com tons rosa ou roxo escuro na cor, enquanto que o interior é a forma oval, de até 2,5 centímetros escuro roxo.

A árvore é capaz de sobreviver ao inverno, no entanto, a forma costeira é altamente tolerante ao sal, por isso é muitas vezes plantada para estabilizar bordas praia e evitar a erosão, é também plantado como arbusto ornamental. O fruto é comestível e é usado para doces.

Parte utilizada: Folhas.

Origem : América Tropical, incluindo Bahamas e Caribe. Cresce em regiões costeiras desde a Florida até sul do Brasil, nas costas da África, com muitas variedades e subespécies, naturalizadas em Ilhas do Índico e Pacífico e no Sudeste da Ásia

Princípios Ativos: Ácido pomólico, este ácido induz a apoptose, morte celular programada nas células cancerosas, porém ele não é extraído da planta através de chá e sim por outros métodos.

Propriedades : Hipoglicemiante, adstringente, antiblenorrágico, antidiabético, antirreumático.

Indicações: Blenorragia, diarreia crônicas, leucorreia, reumatismo, câncer, diabetes.

Contraindicações/cuidados: Tome cuidado pois esse chá pode vir a ser prejudicial a portadores do câncer.

Modo de usar: Infusão das folhas.

Abajerú - Cerca Viva


O Abajeru no combate ao câncer

Cientistas brasileiros isolaram nas folhas do arbusto abajeru (Chrysobalanus icaco) uma substância anticancerígena, o ácido pomólico, capaz de destruir diversos tipos de tumores. O composto surpreendeu os pesquisadores ao apresentar atividade também contra células cancerosas resistentes a múltiplas drogas, uma característica considerada rara pelos cientistas.

A atividade anticancerígena foi constatada em laboratório, em testes realizados com linhagens de células de tumores de mama, cérebro, pulmão, intestino, laringe e medula. 'O que mais chamou nossa atenção foi observar que a substância matava também linhagem de células de leucemia resistentes a múltiplas drogas', afirmou a pesquisadora Cerli Rocha Gattass, do Instituto de Biofísica Carlos Chagas, que está coordenando os testes.

Uma característica particularmente valiosa do ácido, só encontrada em um número muito reduzido de compostos, é sua capacidade de afetar células com resistência a múltiplas drogas (MDR), principal causa da falha de quimioterápicos. A resistência a quimioterápicos normalmente usados no combate à doença é um problema sério porque praticamente inviabiliza o tratamento. Segundo os cientistas, substâncias capazes de matar a célula doente e, ao mesmo tempo, driblar a resistência são muito raras. No Brasil, não há nenhuma patenteada.

Usado popularmente no tratamento da diabetes, o abajeru, encontrado em regiões tropicais da África e América do Sul, foi alvo do estudo da pesquisadora Maria Auxiliadora Kaplan e sua aluna de doutorado, Raquel Oliveira Castilho, do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da UFRJ. A doutoranda isolou várias substâncias da planta, das quais três foram testadas para detectar atividade anticancerígena.

O ácido pomólico foi o mais efetivo. "Ele atua induzindo a apoptose, a morte celular programada, nas células cancerosas", explica a biofísica Cerli Rocha Gattass, chefe do Laboratório de Imunoparasitologia da UFRJ, que coordenou os testes. A substância apresenta ainda uma baixa letalidade de células normais, apenas 12% a 14%, e requer uma menor dose para surtir o mesmo efeito de outros quimioterápicos, como a cisplatina.

A maneira pela qual o ácido consegue evitar a MDR ainda não está esclarecida. A resistência funciona a partir de proteínas que atuam como bombas, expulsando os medicamentos para fora da célula e reduzindo sua efetividade. "O ácido pomólico surpreendeu porque conseguiu afetar células de um tipo de leucemia que expressa MDR -- uma das linhagens mais resistentes", revela a biomédica Vivian Rumjanek, chefe do Laboratório de Imunologia Tumoral e que também coordenou os testes.

O próximo passo é testar o composto em camundongos. O grupo da UFRJ espera que a substância desperte o interesse de alguma indústria farmacêutica para que, um dia, possa ser transformada em remédio. Os testes preliminares não demonstraram toxicidade. 'Acreditamos que a substância tem um altíssimo potencial, tanto que investimos na patente', afirmou Cerli. 'Se tudo isso for confirmado, será de grande interesse para a indústria farmacêutica.' A substância foi isolada por Raquel Oliveira Castilho, no Laboratório de Produtos Naturais da UFRJ. Sua atividade foi analisada por Cerli, Vivian Rumjanek e Janaína Fernandes.

Pelo potencial de uso que apresenta, Chrysobalanus icaco L. tem sido recorrentemente citado na literatura. Pescadores da América e África cozinham sua casca e utilizam para tingir, endurecer e tornar mais duradouras as suas redes (Pio Corrêa, 1926; Fonseca-Kruel et al., 2006). Seus frutos com uma polpa branca e adocicada são comestíveis e em muitos países utilizados como doces e em conservas, sendo em alguns locais comercializados em feiras e mercados (Pio Corrêa, 1926; Braga, 1960; Ferrão 1999; Ugent & Ochoa, 2006). O óleo da semente era outrora aproveitado para preparação de uma emulsão antidiarréica e para ungüentos (Pio Corrêa, 1926). Suas raízes, cascas e folhas são adstringentes e utilizadas contra disenterias, catarro de bexiga, leucorréias (Pio Corrêa, 1926; Freise 1934; Roig y Mesa, 1945; Wong, 1976; Hoehne, 1978; Agra et al., 2008) e pedra nos rins (Fonseca-Kruel et al., 2006). O potencial como agente anti-tumoral (Fernandes et al., 2003) e também no combate ao diabetes mellitus foram amplamente divulgados na literatura (Costa, 1977; Pereira, 1997; Lorenzi & Matos, 2002; Fonseca-Kruel et al., 2006; Albuquerque et al., 2007). É utilizada também como planta ornamental na América do norte.

O diabetes atinge aproximadamente 35 milhões de pessoas nas Américas (Sartorelli & Franco, 2003) e, particularmente no Brasil, cerca de 11 milhões de pessoas, segundo a estimativa da Sociedade Brasileira de Diabetes (Netto, 2007). Desta forma compreende-se porque inúmeras espécies vegetais são utilizadas no mundo para minimizar suas conseqüências (Bnouham et al., 2006; Funke & Melzig, 2006; Cavalli et al., 2007; Torrico et al., 2007; Figueiredo & Modesto-Filho, 2008; Janebro et al., 2008). No Brasil cerca de 200 espécies são usadas para este fim, sendo que 52 foram estudadas experimentalmente e apresentaram atividade analgésica, antiinflamatória e hipoglicemiante comprovada (Barbosa-Filho et al., 2005). Dentre estas, C. icaco vem apresentando excelentes resultados (Presta & Pereira, 1987; Castilho et al., 2000; Mors et al., 2000; Barbosa-Filho et al., 2005; Barbosa et al., 2006). Esta espécie conhecida no Brasil como abajurú, abajerú, bajerú, guajurú, entre outros nomes populares, ocorre no litoral brasileiro e também no litoral dos paises do norte da América do Sul, América Central e México, bem como na costa ocidental da África (Prance, 1972).

Em conseqüência de seu reputado efeito no controle ao diabetes, o comércio das folhas frescas e/ ou secas de C. icaco pode ser facilmente verificado tanto em feiras e mercados como na forma de ensacados vendidos, em diferentes estabelecimentos comerciais, na cidade do Rio de Janeiro. Neste sentido, o Mercado de Madureira, localizado na zona norte da cidade, destaca-se pelo número de erveiros e quantidade de espécies comercializadas. Dentre estas, o abajurú mereceu destaque por ter sido verificada a comercialização simultânea, sob esta denominação popular, tanto de C. icaco, como também de Eugenia rotundifolia (Myrtaceae).

O uso de diferentes táxons, sob uma mesma designação popular não é nova na literatura: a questão da espinheira-santa, no Rio de Janeiro, é um exemplo recente da introdução e absorção, no repertório popular, de espécies morfologicamente semelhantes, mas que não necessariamente apresentam o mesmo efeito farmacológico desejado (Gonzales et al., 2001; Coelho et al., 2002; Coulaud-Cunha et al., 2004). O uso tradicional de espécies de espinheira-santa, na região sul do Brasil para o tratamento de úlceras, foi incorporado na região sudeste. Contudo, naquela região utilizam-se espécies de Maytenus (Celastraceae), enquanto que nas feiras livres do Rio de Janeiro e no próprio Mercado de Madureira verifica-se a utilização de Sorocea cf. bonplandii (Moraceae) como tal.

O presente trabalho objetivou registrar a venda de C. icaco e E. rotundifolia, sob a mesma designação popular, bem como discutir as prováveis causas e implicações envolvidas nesse processo.

MATERIAL E MÉTODOS

Ao longo dos anos de 2005 e 2006 foram aplicadas 51 entrevistas semi-estruturadas (Bernard, 1995) para levantamento de dados etnobotânicos a 15 erveiros (num total de 28) que comercializam ervas medicinais e/ou rituais no Mercado de Madureira. Utilizou-se a técnica conhecida como "bola de neve" indicada para uma população altamente especializada e de pequeno número de integrantes (Appolinário, 2006). Para tal, um informante-chave, previamente conhecido, indicou outra pessoa a ser entrevistada e assim sucessivamente. Esse mercado foi criado em 1914, tornando-se, a partir de 1929, o maior centro de distribuição de alimentos da zona suburbana do Rio de Janeiro. Apresenta hoje aproximadamente 700 boxes para venda de muitos produtos variando de alimentação, utensílios domésticos, papelarias, drogarias e principalmente de comércio de artigos religiosos, incluindo-se aí, a venda de animais para sacrifícios. No local reservado aos hortifrutigranjeiros encontram-se 28 boxes de plantas comercializadas para fins medicinais e ritualísticos, que muitas vezes vendem também temperos, legumes e verduras. Esse mercado é um dos grandes fornecedores para feirantes e vendedores ambulantes da cidade (Azevedo & Silva, 2006).

Os erveiros foram entrevistados durante o período de trabalho e conseqüentemente sem disponibilidade de tempo para longas entrevistas. Assim, optou-se por aplicar a técnica conhecida como listagem livre (freelist) (Martin, 1995; Sutrop, 2001) -mais especificamente a lista restrita de tarefas (restricted list task) - na qual cada informante foi estimulado a citar, pelo menos, dez espécies consideradas como mais comercializadas. Cada informante foi entrevistado pelo menos uma vez sendo que mais entrevistas se sucederam para aqueles que continuaram colaborando com a pesquisa que teve objetivos mais amplos do que a questão do abajurú. Para cada espécie foram anotadas informações relacionadas à(s) propriedade(s) etnofarmacológica(s) atribuída(s), formas de uso, parte(s) da planta utilizada(s) e outras informações.

Considera-se que as espécies mencionadas com freqüência indicam consenso ou conhecimento comum entre os indivíduos, dentro de uma determinada cultura. Neste sentido, para verificar o grau de importância das espécies listadas, especialmente do abajurú, no mercado de Madureira, calculou-se o "Índice de Saliência" (Smith, 1993; Martin, 1995; Cotton, 1996) que leva em consideração dois parâmetros: a freqüência e ordem de citação seguindo-se a metodologia recomendada por Quinlan (2005), utilizando-se para tal o software Visual Anthropac-Freelists 4.0 (Borgatti, 1996). Adquiriu-se material botânico das espécies listadas pelos erveiros através de compra e para a identificação do mesmo utilizaram-se chaves analíticas, bibliografia especializada, comparação com exsicatas de herbários e, quando necessário, valeu-se do auxílio de especialistas. Foram confeccionadas exsicatas, que se encontram depositadas no herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). As fotos da Figura 1 correspondem às exsicatas de C. icaco (C. Farney & L.S. Sarayba 2148; RB 279529) e de E. rotundifolia (D.Araújo 7903; RB 389252) depositadas no referido herbário.

O termo etnoespécie é aqui aplicado a duas espécies bem definidas (diferenciadas) do ponto de vista da taxonomia vegetal para as quais os erveiros entrevistados atribuem o mesmo nome popular.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No levantamento etnobotânico realizado com os erveiros no Mercado de Madureira foram reconhecidas um total de 258 espécies. A listagem livre obteve um rol de 97 espécies que são consideradas como muito comercializadas. Esta técnica de listagem livre é considerada um método etnográfico bem estabelecido, relacionado a fronteiras de domínios culturais, que parte do pressuposto que quando as pessoas listam livremente elas tendem a listar os termos em ordem de familiaridade - os indivíduos que sabem mais sobre o conteúdo solicitado listam mais do que aquelas que sabem menos - e os termos que são mais lembrados indicam que são localmente mais proeminentes (Quinlan, 2005). Na tabela 1 são apresentadas as espécies que mais se destacaram pelo índice de saliência.

O fato do abajurú (E. rotundifolia) aparecer, na tabela, em terceiro lugar, em um rol de 97 espécies, confirma a importância da mesma na farmacopéia popular do Rio de Janeiro. Dentre os 15 erveiros entrevistados, nove citaram e vendiam essa espécie de abajurú para o combate ao diabetes (houve apenas uma citação para "abaixar o colesterol"). Apenas um informante vendia a outra espécie de abajurú (Chrysobalanus icaco) e, por ter sido citada apenas por ele, esta obteve um índice de saliência de apenas 0,07. Entretanto, este erveiro comercializava também E. rotundifolia, designando-a por "abajurú genérico".

As pesquisas comprovaram, até o momento, a eficácia científica de C. icaco como hipoglicemiante (Di Stasi & Hiruma-Lima, 2003), atrelando-a sempre ao nome popular de abajurú (ou nomes correlacionados). Entretanto, não foram encontradas referências etnobotânicas, químicas e/ou farmacológicas indicando o uso de E. rotundifolia, especificamente como tal, apesar de inúmeras pesquisas confirmarem a presença de substâncias com potencial medicinal para esse gênero e para a família Myrtaceae em geral (Almeida et al., 1995; Olajide et al., 1999; Holetz et al., 2002; Coelho de Souza et al., 2004; Ravi, 2004; Barbosa-Filho et al., 2005; Oliveira et al., 2005; Bnouhmam et al., 2006; Oliveira et al., 2006; Donato & Morretes, 2007; Bertucci et al., 2008; Quintans-Júnior et al., 2008). Também não foram encontrados registros, na literatura, da comercialização desta última com o nome popular de abajurú ou qualquer outro nome.

O número de espécies vegetais utilizadas no Brasil no combate ao diabetes mellitus era muito menor no passado, mas atualmente, o país desponta na América do Sul como responsável por 23% das espécies testadas (Barbosa-Filho et al., 2005). Este fato reflete possivelmente uma tendência local (e também mundial) de acentuado incremento na freqüência dessa doença nos últimos anos, ocasionado provavelmente pelo envelhecimento da população e alterações no estilo de vida (Sartorelli et al., 2006). Para C. icaco, por exemplo, a primeira referência encontrada na literatura ao uso como hipoglicemiante foi em 1977 (Costa, 1977) embora outras atividades etnofarmacológicas já eram atribuídas anteriormente para essa espécie (Presta et al., 2007). É provável que a ação hipoglicemiante de C. icaco tenha sido amplamente noticiada a partir do incremento de trabalhos mais recentes, que reiteraram tal atividade, estimulando, desta forma, o seu uso. Neste caso, o crescimento da doença aliado ao empobrecimento da população bem como à falta de acesso aos serviços oficiais de saúde nutriram, certamente, o comércio de plantas medicinais ávido por apresentar novas espécies ou atribuir novas atividades farmacológicas a espécies já conhecidas e consumidas anteriormente para outros fins.

Por que Chrysobalanus icaco está sendo substituída por Eugenia rotundifolia?

Para Albuquerque & Hanazaki (2006) as dificuldades relacionadas ao entendimento de questões envolvendo os padrões que levam à escolha de espécies, para uso medicinal, devem estar associados a testes de hipóteses. Esses autores salientam que é preciso tentar explicar como as pessoas selecionam plantas e animais para uso medicinal e que critérios envolvem tal escolha. Da mesma forma a substituição de espécies, na medicina popular, deve ser analisada. Assim, as considerações abaixo apontam algumas possibilidades para o caso específico do abajurú.

Chrysobalanus icaco ocorre em diversos estados brasileiros (AM, MA, CE, PA, PI, PE, SE, BA, ES, RJ e SP) (Prance, 1972) e para o Rio de Janeiro foram registradas coletas nos Municípios de Arraial do Cabo, Cabo Frio, Rio de Janeiro e Saquarema (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2007). Ocorre também no Município de Angra dos Reis, na Reserva da Praia do Sul (Ilha Grande) e ao norte do Município de Rio das Ostras (Doroty Sue Dun Araújo, comunicação pessoal).

Apresenta ampla plasticidade para estabelecer-se em diferentes associações vegetais, na vegetação costeira, desenvolvendo-se em brejos, mangues e restingas, em locais sujeitos a déficit hídrico ou a inundação em determinadas épocas do ano e em solos com afloramento de rochas (Santana & Silva, 2000; Oliveira & Souza, 2005). Na restinga da Marambaia, entretanto, esta espécie está presente somente na formação vegetacional denominada "arbustiva aberta não inundável", composta predominantemente por Myrtaceae (Menezes & Araújo, 2005). Trata-se de um arbusto ou pequena árvore de até 5 metros de altura, freqüentemente com ramos decumbentes, com folhas geralmente orbiculares a ovado-elípticas de 2-8 cm de comprimento e 1,2-6,0 cm de largura, retusas, arredondadas ou com pequeno acúmem no ápice, base sub-cuneada, glabras em ambas as faces e com pecíolo medindo 2 a 4 mm de comprimento (Prance, 1972).

As Chrysobalanaceae são morfologicamente distintas das espécies brasileiras de Myrtaceae no que diz respeito a muitos aspectos, dentre eles, a filotaxia, que é alterna (e oposta nas Myrtaceae) e folhas sem pontos translúcidos e nervura marginal, comuns em Myrtaceae. Apesar disso, a forma semelhante das folhas de C. icaco e E. rotundifolia pode confundir um leigo (Figura 1).

E. rotundifolia é também um arbusto, de cerca de 2 m de altura, com folhas opostas, elípticas obovadas ou suborbiculares, ápice arredondado, obtuso ou obtuso-acuminado e base arredondada, obtusa ou aguda, bordo revoluto, coriáceas, discolores, densamente pontudas (Souza, 2005). Ocorre nas restingas, principalmente nos estados da Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Especificamente para o Rio de Janeiro, foram registradas coletas em Armação dos Búzios, Cabo Frio, Carapebus, Macaé, Maricá, Rio de Janeiro, São João da Barra e também em Saquarema (Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2007; Souza, 2005).

O trabalho realizado por Pereira et al. (2001) na comunidade arbustiva fechada localizada no cordão arenoso interno da restinga de Barra de Maricá aponta E. rotundifolia como rara na área estudada (com apenas um indivíduo em área estimada de 1 ha). Entretanto para os autores trata-se de uma espécie mais abundante em outras formações vegetais dos cordões arenosos. Nesse sentido, Doroty Sue Dun Araújo (comunicação pessoal) informa que apesar de não muito freqüente na região das dunas de Arraial do Cabo, é bem comum, perto da praia, em outras restingas como a de Maricá e de Macaé. Nessa última, nos trabalhos extensos, ainda não publicados, de levantamento fitossociológico no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba E. rotundifolia está entre as 10 espécies mais importantes na restinga arbustiva aberta de Clusia. Segundo Menezes & Araújo (2005), E. rotundifolia ocorre na restinga de Marambaia em uma formação herbácea (herbácea fechada de cordão arenoso) e em três arbustivas (arbustiva aberta não inundável; arbustiva fechada de pós-praia e arbustiva fechada de cordão arenoso) sendo muito comum nas duas primeiras. Esses mesmos autores encontraram C. icaco apenas na formação arbustiva aberta não inundável.

No estado do Rio de Janeiro muitas restingas apresentam essas formações - especialmente as mais abertas - que estão sob forte pressão antrópica. Entretanto, de acordo com as informações obtidas com alguns erveiros, a fiscalização dos órgãos ambientais do estado tem impedido, em parte, a extração de abajurú (C. icaco) em áreas litorâneas. Isto provavelmente estimulou a procura por outra espécie que pudesse substituí-la. Provavelmente, o fato de E. rotundifolia ter distribuição mais ampla no estado do Rio de Janeiro e apresentar certa semelhança com C. icaco colaborou para que extratores e erveiros passassem a vendê-la e denominá-la como abajurú. Os nomes populares encontrados na literatura para E. rotundifolia foram "jaboticaba do mangue" (Pio Corrêa, 1926) e "aperta-goela" (Zamith & Scarano, 2004). Coincidentemente, este mesmo nome vulgar é empregado pela população caiçara da Ilha Grande (Rio de Janeiro) para C. icaco. Possivelmente o emprego de um mesmo nome popular para duas espécies pode ter contribuído também para a comercialização de uma pela outra. No mercado de Madureira E. rotundifolia foi também denominada pelos erveiros como "abajurú-do-mangue".

As pesquisas realizadas para avaliação do uso seguro das plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil ainda são insipientes, sendo que a maioria das plantas nativas ainda não foi avaliada quanto à sua segurança e eficácia (Rates, 2001; Carvalho et al., 2008; Marliére et al., 2008; Silveira et al., 2008; Veiga-Junior, 2008), assim como é insipiente o controle da comercialização pelos órgãos oficiais em feiras livres, mercados públicos ou lojas de produtos naturais (Veiga Jr & Pinto, 2005). Sendo assim nenhuma espécie usada na medicina tradicional deveria ser usada antes que os estudos de segurança tivessem sido completados (Barbosa-Filho et al., 2005). A introdução de E. rotundifolia no mercado informal pode refletir, por um lado, o efeito de alguma fiscalização na coleta de exemplares em áreas de vegetação natural protegidas e, por outro lado, a ineficiência do controle da comercialização do abajurú oferecido à população.

Fontenelle et al. (1994) caracterizaram a anatomia e micromorfologia de 11 espécies de Eugenia encontradas na restinga de Maricá (RJ) inclusive de E. rotundifolia. A anatomia foliar de C. Icaco também foi trabalhada por Espinosa-Osornio et al. (2002). Esses trabalhos certamente servirão de base para a verificação de ocorrência de fraudes e identificação de espécies ensacadas e comercializadas no mercado informal, com a designação popular de abajurú.

Segundo as informações obtidas no mercado de Madureira com um erveiro que também fornece abajurú para outros erveiros e feirantes de outras localidades, a venda destas etnoespécies atinge cerca de 70 molhos por semana na venda interna diária dentro do mercado, e aproximadamente 1.000 molhos por semana, na venda durante a madrugada (do lado de fora do mercado) para feirantes que irão revendê-las em feiras livres e bancas isoladas da cidade. Neste contexto, não se pode descartar a possibilidade de redução das populações, na natureza, pela intensificação da extração em seus ambientes naturais. Zamith & Scarano (2004) estudando a viabilidade da produção de mudas destinadas a plantios para a restauração de restingas degradadas informam que E. rotundifolia se apresenta viável para a produção de mudas, visto o seu potencial elevado para germinação (em torno de 60%). Assinalam, entretanto, que a germinação é lenta (em média 61 dias para a emergência da parte aérea), o que pode acarretar na não uniformidade entre plântulas e maior risco de perda das sementes por deterioração, uma vez que estas permanecem no solo por um certo tempo, antes da germinação.

Numa primeira análise pode-se pensar então que a introdução de E. rotundifolia para a venda popular com o nome de abajurú seja, em parte, um artifício encontrado pelos extratores para driblar a fiscalização. Entretanto, não faz muito sentido tendo em vista que ambas são vendidas muitas vezes ensacadas, o que dificulta o reconhecimento (Figura 2). Quem fiscaliza saberia diferenciar as duas espécies?

Uma segunda hipótese estaria ligada simplesmente a um problema de dificuldade no reconhecimento das espécies pelos extratores e erveiros vendedores, bem como pelos consumidores, por conta da morfologia semelhante.

Uma terceira hipótese - e talvez a mais interessante - seria haver, por parte dos erveiros, a atribuição da atividade hipoglicemiante também à E. rotundifolia, uma vez que outras espécies de Myrtaceae (pitanga, jambo e eucalipto) já são usadas pela população como tal. É importante salientar que, no comércio popular de espécies consideradas medicinais, a confiabilidade das informações transmitidas pelos erveiros é fundamental: as relações interpessoais e a disseminação de informações dentro de um mercado, como o de Madureira, vão mais além do que a simples troca de receitas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos etnobotânicos em ambientes urbanos são fascinantes e abrem muitas portas para se conhecer o que não tem sido catalogado (Balick & Lee, 2001). Ademais, os padrões de usos locais para espécies consideradas medicinais, em áreas urbanas, não são ainda bem entendidos.

Questões relacionadas às teorias da aparência e de disponibilidade de espécies são discutidas em diversos estudos (Stepp & Moerman, 2001; Albuquerque & Lucena, 2005; Akerreta et al., 2007) na tentativa de entender que fatores determinam as preferências e critérios de locais de seleção para uso das plantas. Voeks (1996) sugere que erveiros da Floresta Atlântica da costa do Brasil preferem florestas secundárias e áreas perturbadas: plantas usadas como medicinais precisam ser abundantes e acessíveis. Como citado anteriormente E. rotundifolia é uma espécie abundante, possibilitando o extrativismo.

Além dos fatores ambientais, fatores culturais certamente influenciam a distribuição ou a área de uso das espécies já que atuam na seleção de plantas medicinais. Para Akerreta et al. (2007) o fator cultural pode, às vezes, ser decisivo na escolha de plantas, até mais do que a abundância e disponibilidade das espécies. Por exemplo, quando a população local percebe as propriedades químicas e medicinais de uma planta. Nesse sentido, para o caso do abajurú (E. rotundifolia), isso vem de encontro a nossa hipótese relacionada à idéia de que as pessoas poderiam, de fato, estender (e experimentar) o uso no tratamento contra os efeitos do diabetes para novas espécies da família Myrtaceae.

No processo das interações das populações com as espécies vegetais, encontros casuais podem levar a descobertas justificadas posteriormente pela ciência. Se levarmos em consideração que certamente existem várias espécies na restinga morfologicamente semelhantes, a substituição de C. icaco justamente por E. rotundifolia no comércio popular, poderá também ser explicada, ou não, por futuras pesquisas farmacológicas.



Benefícios e propriedades do chá de abajerú

O abajerú é indicado para tratar blenorragia, diarreia, reumatismo, câncer e diabetes tipo dois. Conheça mais sobre essa planta.

Originária da América Tropical, com forte presença na área litorânea, o abajerú é um arbusto da família das Chrysobalanaceae.

A planta possui frutos comestíveis, também usados na produção de doces e suas folhas, na forma de chá, são eficazes para tratar algumas doenças, pois possuem propriedades hipoglicemiante, antiblenorrágico, antidiabético e antirreumático.

O uso da abajerú é ornamental e também para estabilizar bordas praia e evitar a erosão. A planta é tolerante ao sal e sobrevive bem ao inverno. Ela pode chegar a medir entre um e três metros. A cor das folhas varia de verde à vermelha, enquanto que a casca assume coloração acinzentada ou marrom avermelhada, com manchas brancas.


Princípios ativos do abajeru

A planta é rica em ácido pomólico, que induz a apoptose celular, ou seja, a morte celular que ocorre de forma ordenada e demanda energia para a sua execução. O abajerú é indicado para tratar de problemas relacionados a blenorragia, diarreia crônica, leucorreia, reumatismo, câncer e diabetes tipo dois.

Acredita-se também que o uso do abajerú é eficaz para abaixar o colesterol e no processo de emagrecimento.

A forma mais usada nesses tratamentos é através do chá, feito a partir das folhas do abajerú. Porém, seu uso deve ser orientado pelo médico, pois assim como ela pode trazer benefícios para a saúde, também pode agravar alguns problemas, caso consumido em excesso.

Preparando o chá de abajerú

Para preparar o chá de abajerú, basta colocar para ferver um litro de água. Depois, acrescente 20 folhas da planta na água fervente e desligue o fogo. Deixe descansar por cerca de 15 minutos, com a panela tampada. Em seguida, basta coar e a bebida está pronta para ser consumida.

A recomendação é que a ingestão não ultrapasse as três xícaras diárias.