google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL: agosto 2017

ANUCIOS

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Legislação e Certificação na Agricultura Orgânica



Por que é importante uma legislação sobre a agricultura orgânica?
Porque a legislação estabelece um conjunto de normas e procedimentos a serem cumpridos e observados por todos que integram a rede de produção orgânica. Além disso, estabelece legalmente conceitos, definições e princípios relacionados à agricultura orgânica.

Qual a legislação brasileira vigente sobre agricultura orgânica?
A Lei no 10.831 de 23/12/03, as Instruções Normativas no 007 e no 016, do Ministério da Agricultura, publicadas em 17/5/99 e 16/6/04, respectivamente, e a Portaria no 158, do Ministério da Agricultura, publicada em 8/7/04. A Lei no 10.831 encontra-se em fase de regulamentação. A regulamentação ocorrerá na forma de Decreto e de atos normativos complementares, e, no ato da publicação da regulamentação e dos atos complementares, as Instruções Normativas no 007 e no 016 e a Portaria no 158 perderão a validade. O acesso a essa legislação está disponível no sítio  no link do Sistema de Legislação Agrícola Federal (Sislegis) ou no link Agricultura Orgânica, na parte de legislação.

A Instrução Normativa no 007, do Ministério da Agricultura, publicada em 17/5/99, dispõe sobre quê?
A Instrução Normativa no 007 (IN007) foi o primeiro regulamento técnico brasileiro e estabelece as normas de produção, tipificação, processamento, embalagem, distribuição, identificação e de certificação da qualidade para os produtos orgânicos de origem vegetal e animal. Abrange tanto os produtos denominados orgânicos como os ecológicos, biodinâmicos, naturais, sustentáveis, regenerativos, biológicos, agroecológicos e da permacultura. Estará em
vigor até que a regulamentação da Lei no 10.831 seja publicada.

A Lei no 10.831, do Ministério da Agricultura, publicada em 23/12/03, dispõe sobre quê?
A Lei no 10.831 é o principal marco legal da agricultura orgânica brasileira, que estabelece critérios para a comercialização de produtos, define responsabilidades pela qualidade orgânica,
pelos procedimentos relativos à fiscalização, à aplicação de sanções, ao registro de insumos e à adoção de medidas sanitárias e fitossanitárias que não comprometam a qualidade orgânica dos
produtos.

A Instrução Normativa no 016, do Ministério da Agricultura, publicada em 11/6/04, dispõe sobre quê?
Estabelece os procedimentos a serem adotados até que se concluam os trabalhos de regulamentação da Lei no 10.831, para registro e renovação de registro de matérias-primas e de produtos orgânicos de origem animal e vegetal, no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com base na declaração do fornecedor quanto ao cumprimento dos requisitos legais estabelecidos para produção orgânica. Os registros efetuados pela IN016 terão validade até o prazo que vier a ser estabelecido pela regulamentação
da Lei no 10.831.

A Portaria no 158, do Ministério da Agricultura, publicada em 8/7/04, dispõe sobre quê?
Determina que o Programa de Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (Pro-Orgânico), nos assuntos relativos à sua execução, seja assessorado pela Comissão Nacional da Produção Orgânica (CNPOrg) e pelas Comissões da Produção Orgânica nas Unidades da Federação (CPOrg-UF). Essa portaria define a composição e as competências dessas comissões e vigorará até a publicação da regulamentação da Lei no 10.831, que contará com uma Instrução Normativa exclusiva para regulamentar sua estrutura, composição e suas atribuições.

A lei brasileira sobre a produção orgânica e sua regulamentação são parecidas com as de outros países?
Como vários países do mundo começaram a criar legislações específicas para os produtos orgânicos e como isso poderia resultar em barreiras para o comércio internacional, foi aprovada uma Diretriz Internacional voltada a orientar os países em seus processos de regulamentação. Por essa razão, a legislação brasileira se parece com a de vários países, uma vez que foi feita com base nesses regulamentos, porém sem deixar de levar em conta as particularidades brasileiras.

Qual a diferença entre normas e regulamentos da produção orgânica?
As normas são procedimentos exigidos pelas entidades privadas, de livre e voluntária adesão por parte do produtor, ao passo que os regulamentos são próprios dos órgãos públicos e devem
ser cumpridos obrigatoriamente. Ambos definem regras para uso de produtos e processos em atividades técnicas, socioeconômicas e ambientais ligadas aos sistemas orgânicos de produção, previstos pela Lei no 10.831. Os procedimentos descritos nas normas devem obrigatoriamente atender às exigências contidas nos regulamentos, podendo ser mais restritivos em determinados aspectos considerados relevantes, ou para atenderem a mercados específicos.

O que é a avaliação da conformidade orgânica?
A avaliação da conformidade orgânica é o procedimento que inspeciona, avalia, garante e informa se um produto ou processo está adequado às exigências específicas da produção orgânica.
A avaliação da conformidade orgânica é feita pela certificação por auditoria e pelos mecanismos de organização com controle social.

Quais os mecanismos de organização com controle social utilizados na avaliação, garantia e informação da qualidade orgânica?
Os mecanismos de organização com controle social são os próprios produtores organizados localmente, garantindo e informando diretamente aos consumidores a qualidade orgânica de
seus produtos, e os sistemas participativos de avaliação da conformidade orgânica.

Como ocorre a verificação, garantia e informação da qualidade orgânica no processo de relação direta entre produtores e consumidores?
A garantia está na relação direta entre produtores e consumidores, que permite a estes últimos conhecerem e confiarem nos produtores e nos processos produtivos, tendo os produtores o mecanismo de organização com controle social, formalizado ou não. Na organização social há co-responsabilidade entre os produtores envolvidos no processo, podendo a veracidade da qualidade da produção de um produtor ser verificada e garantida por outro produtor, e ocorrer, também, a reafirmação da idoneidade quando do envolvimento de empresas de assistência técnica de caráter público ou privado.

Como ocorre a verificação, garantia e informação da qualidade orgânica nos sistemas participativos de avaliação da conformidade orgânica?
São sistemas socioparticipativos de organização com controle social, normalmente em forma de rede, de abrangência regional, com o envolvimento de produtores, técnicos e consumidores.
A rede é organizada em núcleos que reúnem grupos de produtores, consumidores e entidades de uma região com características semelhantes, projetos e propostas afins, o que facilita a troca de informações e a participação. Assim, há a participação efetiva de todos os envolvidos no processo e, na maioria das vezes, os consumidores também fazem visitas de inspeção às propriedades, onde todos assumem a co-responsabilidade pela qualidade dos produtos da rede, ou seja, responsabilidade social. Portanto, é um sistema solidário de geração de credibilidade. Como exemplos, podem-se citar a pioneira Rede Ecovida de Agroecologia, com abrangência de atuação na Região Sul do País, a Associação de Certificação Sócio-Participativa (ACS), na Região Norte, a Certificação Participativa da Rede Cerrado, na Região Centro-Oeste, e a Rede Xique-Xique de Certificação Participativa, na Região Nordeste.

A Lei n.o 10.831 reconhece os mecanismos de organização com controle social utilizados na avaliação da conformidade orgânica?
Os mecanismos de organização com controles sociais utilizados na avaliação da conformidade orgânica foram reconhecidos e garantidos no texto da Lei no 10.831, que garante a isenção de certificação para a comercialização direta de produtos orgânicos por produtores familiares, inseridos em processo de organização com controle social e cadastrados em órgão fiscalizador conveniado. Para produtos comercializados de forma indireta ou
por produtores não familiares, os produtores terão que certificar seu processo produtivo, pelo sistema participativo de avaliação da conformidade ou pela certificação por auditoria. A regulamentação da Lei no 10.831 prevê também a fiscalização pelos órgãos competentes dos mecanismos de organização com controle social utilizados para a avaliação da conformidade orgânica.

O que é certificação por auditoria?
É a avaliação da conformidade orgânica pela qual a garantia da qualidade orgânica do produto, obtida em determinada unidade de produção, é dada por uma terceira parte, a certificadora, não envolvida no processo produtivo, que é uma instituição que inspeciona as condições técnicas, sociais e ambientais e verifica se estão de acordo com as exigências dos regulamentos específicos da produção orgânica. A certificação é concretizada com a assinatura de contrato entre certificadora e representante legal da unidade de produção, com conseqüente autorização para utilização da marca da certificadora. A unidade certificada passa a receber inspeções no mínimo duas vezes ao ano, para verificação da conformidade, e o inspetor produz um relatório onde os critérios de conformidade são listados e avaliados. As certificadoras possuem normas próprias, mas todas seguem o regulamento oficial. A Lei no 10.831 prevê que as certificadoras devem se credenciar no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

O que é um produto orgânico certificado?
É o produto que possui as características de conformidade orgânica, podendo usar um selo de qualidade, autorizado pela certificadora ou pelo sistema socioparticipativo de avaliação da conformidade orgânica.

O que é o selo de qualidade orgânica de um produto certificado?
É um selo que identifica os produtos e insumos orgânicos com essa qualidade específica. Após passar por todas as etapas de avaliação da conformidade orgânica, uma unidade de produção
está apta a usar esse selo em seus produtos. Cada organismo de avaliação da qualidade orgânica e/ou certificadora possui selo próprio. A Lei no 10.831 prevê a criação de um selo para o sistema brasileiro de avaliação da conformidade orgânica, que será o selo oficial do governo brasileiro para os produtos avaliados por entidades (certificadoras e outros organismos de avaliação da conformidade orgânica) credenciadas nos órgão competentes.
O produtor pode usar os dois tipos de selo, tanto o da entidade quanto o oficial, sendo este último de uso obrigatório.

Como solicitar a certificação de produtos orgânicos?
Depois de adotar as práticas de manejo exigidas pelos regulamentos da produção orgânica, a unidade de produção está apta a solicitar a certificação, feita por uma entidade que avalia a conformidade orgânica, isto é, que analise todo o processo produtivo e socioambiental da área. É aconselhado solicitar que a certificadora escolhida faça uma visita de pré-certificação, quando será definido o período de conversão da unidade produtiva, com base num plano de manejo com a forma de implantação das exigências específicas da produção orgânica.

O que as certificadoras exigem?
As certificadoras e os demais organismos de avaliação da conformidade orgânica exigem que os processos e produtos utilizados no sistema de produção orgânico estejam de acordo com as normas específicas da produção orgânica. O sistema de controle da produção orgânica exige ainda que haja rastreabilidade, isto é, o produto, ao ser comprado no mercado, tem que ser identificado de maneira que se possa chegar à sua origem.

Todas as certificadoras usam os mesmos critérios para certificar a produção orgânica?
Não. As certificadoras e os organismos de avaliação da conformidade orgânica podem exigir particularidades no sistema de produção da unidade, de acordo com suas normas específicas.
Ao assinar um contrato ou termo de compromisso com determinada entidade, o produtor deve cumprir as exigências previstas, mas as normas devem obrigatoriamente atender às exigências contidas nos regulamentos oficiais. Por exemplo: algumas entidades não permitem uso de estercos animais na adubação, ao passo que outras exigem o uso de insumos específicos para que o produto receba uma classificação diferenciada. As normas podem ser solicitadas diretamente às certificadoras, ou acessadas pela Internet, em seus respectivos sítios.

Pode-se mudar de certificadora a qualquer tempo?
A adesão aos métodos orgânicos de produção é voluntária, mas para que o produto tenha os atributos de qualidade orgânica, o cumprimento das normas específicas de produção é obrigatório.
Isso significa que é obrigatória a adesão a um mecanismo de avaliação da conformidade orgânica. O produtor é livre para escolher o mecanismo de avaliação mais adequado às suas condições, portanto a mudança de certificadora é livre, devendo o produtor ficar alerta para os prazos de vigência dos contratos e/ou termos de compromisso com as entidades.
Outro aspecto a considerar são as exigências específicas de cada entidade, cabendo ao produtor decidir pela que melhor se aplica ao seu sistema produtivo e ao mercado. O produtor deve observar se as entidades certificadoras e/ou outros organismos de avaliação da conformidade orgânica são credenciados pelo Mapa, o que se dará somente após a regulamentação da Lei no 10.831, prevista para o ano de 2007.

Quanto custa o serviço de certificação?
A certificação pode ter custo diferente entre as entidades que prestam esse serviço. Na certificação por auditoria, o valor é composto pela taxa de adesão, pelo custo do serviço de inspeção (semestral ou anual), resultante de diárias e passagens do inspetor e do respectivo relatório de visita. Pode haver variação de custo entre a certificação solicitada, individual ou coletivamente. No caso da avaliação da conformidade orgânica realizada pelo sistema socioparticipativo, previsto na Lei no 10.831, os custos são assumidos pela comunidade de produtores interessada (associação, cooperativa, etc.).

Quais as vantagens de se ter um produto orgânico certificado?
Ao colocar no mercado um produto com selo orgânico, o produtor pode obter vantagens em relação ao produto convencional, pois cada vez mais o consumidor tende a dar preferência a um produto cuja qualidade envolva atributos relacionados à saúde, à justiça social, à conservação e preservação ambientais, como é o caso do produto orgânico, especialmente quando há preços competitivos. Outra vantagem para o produtor é o aumento da preferência pela aquisição do produto orgânico pelos mercados institucionais, como as escolas, os hospitais e o programa de Aquisições do Governo Federal (AGF), em que o produto orgânico alcança valorização de cerca de 30 % em relação ao convencional.

O que é conversão?
Conversão é o período de tempo mínimo necessário para uma unidade de produção ser considerada apta a receber a classificação de “orgânica”, após ter cumprido todas as exigências específicaspara a produção orgânica.

Como fazer a conversão da área?
Para fazer a conversão, a unidade de produção deve adotar as técnicas agropecuárias preconizadas nos regulamentos oficiais para a produção orgânica e procurar se adequar às especificidades das normas de produção da certificadora que pretende contratar.
Na conversão, não são considerados apenas os aspectos normativos, mas também os biológicos e educativos.

Quais os aspectos educativos da conversão?
Os aspectos educativos da conversão correspondem ao aprendizado, por parte dos agricultores e trabalhadores, dos conceitos e técnicas de manejo que viabilizam a agricultura orgânica.
Esse aprendizado compreende etapas que precisam ser trilhadas sucessivamente, para evitar prejuízos no resultado final.

Quais os aspectos biológicos da conversão?
É a parte mais técnica da conversão, porque envolve aspectos agronômicos, veterinários, zootécnicos e biológicos, incluindo o reequilíbrio das populações de insetos e das condições do solo, a diferenciação da paisagem e a necessidade de reorganização do conhecimento técnico pelo enfoque da ecologia.

Qual o tempo necessário para fazer a conversão da área pelas leis atuais?
O período de conversão, previsto na regulamentação da Lei no 10.831, será variável de acordo com o tipo de exploração e a utilização anterior da unidade de produção. Para a produção vegetal, esses períodos serão definidos de acordo com as seguintes condições:
• Mínimo de 12 meses de manejo orgânico na produção vegetal de culturas anuais, para que a produção do ciclo subseqüente seja considerada orgânica.
• Mínimo de 18 meses de manejo orgânico na produção vegetal de culturas perenes, para que a colheita subseqüente seja considerada orgânica.
• Mínimo de 12 meses de manejo orgânico ou pousio na produção vegetal de pastagens perenes.

Qual o tempo necessário para fazer a conversão da área pelas certificadoras?
As normas de produção da certificadora ou de outros organismos de avaliação da conformidade orgânica prevêem períodos diferentes para o tempo de conversão, dependendo de
alguns fatores, como uso anterior da área, produtos químicos sintéticos utilizados no sistema convencional antes da conversão, a situação ecológica e social atual (adequação às exigências ambientais e cumprimento da legislação trabalhista) e o tempo necessário para o treinamento dos colaboradores nas práticas ecológicas.

Como saber se a área já pode ser considerada orgânica?
Após implementar o plano de manejo da unidade de produção, cumprir os prazos exigidos para o período de conversão, receber a visita do organismo de avaliação da conformidade orgânica, a certificadora ou outro organismo de avaliação da conformidade orgânica avaliará o pedido de certificação com base no relatório de inspeção (visita à unidade produtiva). A avaliação da solicitação de certificação é realizada por um conselho de certificação, que aprova as condições técnicas, ambientais e sociais da unidade de produção.

Quais as principais dificuldades no período de conversão?
Com base nas dimensões da sustentabilidade (econômica, social, técnica, política e ecológica), pode-se considerar que as unidades de produção no período de conversão apresentam desequilíbrios, principalmente nas dimensões econômica e técnica.
Em relação à dimensão técnica, a menor produtividade acontece no período de conversão para algumas situações e culturas, em que o manejo de pragas, doenças e invasoras é mais difícil,
havendo uma tendência de equilíbrio ecológico e crescimento da produtividade orgânica com o passar dos anos.
De modo inverso, em projetos de agricultores pobres e em regiões marginais, onde se pratica agricultura tradicional, observa-se que a conversão pode ser conduzida com ganhos no rendimento das culturas. Trata-se, nesse caso, da intensificação do uso de práticas orgânicas. Contudo, em sistemas intensivos no uso de insumos químicos e com rendimentos físicos muito elevados, pode-se esperar uma baixa na produção. De modo geral, a agricultura orgânica é
menos eficiente em termos de produtividade, mas cabe salientar que os agricultores orgânicos não estão preocupados com a produtividade em si, mas com o rendimento do sistema em seu conjunto. Por isso, uma produção por área menor do que a do sistema convencional não significa um menor desempenho global da unidade de produção.

Quais os impactos do período de conversão nos aspectos econômicos e ecológicos da propriedade?
Na dimensão econômica, os maiores riscos de abandonar a atividade, em curto prazo, ocorrem na fase de conversão, daí a necessidade de financiamento e incentivos específicos a esse período, para que os produtores permaneçam na atividade, até que a fase de conversão termine e haja condições de o agricultor comercializar sua produção como orgânica. No período de conversão também ocorrem deficiências na integração de atividades como lavoura, pecuária e floresta, acarretando maior dependência de insumos externos, o que dificulta o equilíbrio dos fatores econômicos por causa do aumento de custos com insumos.
Na dimensão ecológica, analisando os aspectos internos do sistema, percebe-se que as unidades com maior dificuldade no processo de conversão são as que apresentam os recursos naturais mais degradados, pouca diversificação e falta de integração das atividades. Diversos estudos têm demonstrado que a agricultura orgânica é uma alternativa sustentável, demonstrando que, à medida que ocorre a consolidação do sistema orgânico de produção, existe
a tendência de equilíbrio entre as diferentes dimensões da sustentabilidade.
Além disso, a conversão da agricultura convencional para a agricultura orgânica, apesar de ser uma etapa delicada nos primeiros 2 anos, proporciona com o passar do tempo um impacto favorável ao agricultor, ao consumidor e ao meio ambiente.


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domingo, 27 de agosto de 2017

Princípios Norteadores da Agricultura Orgânica



O que é agroecologia?
Agroecologia é a ciência que apresenta uma série de princípios e metodologias para estudar, analisar, dirigir, desenhar e avaliar sistemas de produção de base ecológica (agroecossistemas),
mas não é uma prática agrícola ou um sistema de produção. É uma nova abordagem que integra os conhecimentos científicos (agronômicos, veterinários, zootécnicos, ecológicos, sociais,
econômicos e antropológicos) aos conhecimentos populares para a compreensão, avaliação e implementação de sistemas agrícolas com vista à sustentabilidade.

Qual a relação entre agroecologia e agricultura orgânica?
Em termos simples, agroecologia é a ciência que norteia os sistemas orgânicos de produção, ao passo que a agricultura orgânica é a aplicação prática dos conhecimentos gerados pela agroecologia e abrange todas as linhas de base ecológica, como biodinâmica, natural, conservacionistas.

Como se pode definir a agricultura orgânica?
A agricultura orgânica surgiu de 1925 a 1930 com os trabalhos do inglês Albert Howard, que ressaltam a importância da matéria orgânica nos processos produtivos e mostram que o solo não deve ser entendido apenas como um conjunto de substâncias, tendência proveniente da química analítica, pois nele ocorre uma série de processos vivos e dinâmicos essenciais à saúde das plantas (“solo vivo”). Em 1940, Jerome Irving Rodale difundiu a agricultura orgânica nos EUA. A base da agricultura orgânica é o manejo do solo com o uso da compostagem em pilhas, de plantas de raízes profundas, capazes de explorar as reservas minerais do subsolo, e da atuação de micorrizas na produtividade e “saúde das culturas”.

Como surgiu o termo ‘agricultura orgânica’ usado hoje ?
Na década de 1920 surgiram, quase que simultaneamente, alguns movimentos contrários à adubação química, que valorizavam o uso da matéria orgânica e de outras práticas culturais favoráveis aos processos biológicos. Esses movimentos podem ser agrupados em quatro grandes vertentes: a agricultura biodinâmica, a orgânica, a biológica e a natural. Com o passar do tempo surgiram outras designações de uso restrito para as quatro vertentes citadas, como
método Lemaire-Boucher, permacultura, ecológica, ecologicamente apropriada, regenerativa, agricultura poupadora de insumos,
renovável. Na década de 1970, o conjunto dessas vertentes passaria a ser chamado de agricultura alternativa e, logo depois, o termo agricultura orgânica passou a ser comumente usado com o sentido de agricultura alternativa.

Como a legislação brasileira define a agricultura orgânica?
O texto da Lei no  10.831, de 23/12/03, considera como sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável,
empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e
radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente. O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange, portanto, os denominados: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo,
biológico, agroecológico, permacultura e outros que atendam os princípios estabelecidos na Lei no 10.831.

O que é agricultura biodinâmica?
A agricultura biodinâmica é fruto da antroposofia (“conhecimento do ser humano”), uma filosofia baseada nas idéias da “ciência espiritual”, fundada em 1924 pelo filósofo austríaco
Rudolf Steiner. Embora fundamentada nos mesmos princípios e técnicas da agricultura orgânica, a biodinâmica apresenta peculiaridades, como:
• As questões espirituais ligadas à antroposofia.
• O uso de preparados biodinâmicos.
• Os calendários astrológicos.
• Os testes de cristalização sensitiva e cromatrografia de solos e de plantas.
• As marcas registradas universais Demeter e Biodyn.
• O equilíbrio e harmonia entre cinco elementos básicos: terra, plantas, animais, influências cósmicas e o homem.

O que é agricultura biológica?
A agricultura biológica surgiu em 1941 com os trabalhos do suíço Hans Peter Muller. Em 1960, o médico alemão Hans Peter Rush sistematizou e difundiu as propostas de Muller. A compostagem na superfície do solo e o teste microbiológico de Rush para a
avaliação da fertilidade do solo são particularidades desse método, cujo princípio fundamental é o ciclo das bactérias formadoras de ácido lático e de nucleoproteínas. A partir de 1960, as atividades da agricultura biológica foram introduzidas na França pelo método Lemaire Boucher, também chamado de agrobiológico. A pecualiridade desse método é o uso do pó de uma alga marinha, Lithothamne calcareum, rica em micronutrientes, necessários às
culturas.

O que é agricultura natural?
Em 1935, o japonês Mokiti Okada criou uma religião que tinha como um dos seus alicerces a agricultura natural, cujo princípio é o respeito das leis da natureza pelas atividades agrícolas.
Praticamente na mesma época, em 1938, Masanobu Fukuoka chegava a conclusões muito semelhantes às de Okada. As práticas agrícolas mais recomendadas são a rotação de culturas e o uso de adubos verdes, compostos e cobertura morta sobre o solo.
A agricultura natural é bastante reticente em relação ao uso de matéria orgânica de origem animal.

O que é agricultura regenerativa?
É o nome pelo qual a agricultura orgânica ficou conhecida nos EUA, na década de 1930. Esse modelo reforça a busca da independência do agricultor pela maximização do uso dos recursos
encontrados e criados na própria unidade de produção agrícola em oposição à busca de recursos externos.

O que é permacultura?
Permacultura é um método surgido na Austrália, no final da década de 1970, desenvolvido por Bill Mollison, que visa criar agroecossistemas sustentáveis mediante a simulação dos ecossistemas naturais e coloca as culturas perenes como elemento central de sua proposta. É um sistema evolutivo integrado de espécies animais e vegetais perenes, em que se destacam as árvores úteis ao homem. A principal técnica aplicada é o cultivo alternado de gramíneas e leguminosas, e a manutenção de palha como cobertura do solo.

Quais os princípios dos sistemas orgânicos de produção?
Os princípios dos sistemas orgânicos de produção são:
• Contribuição da rede de produção orgânica ao desenvolvimento local, social e econômico sustentável.
• Manutenção de esforços contínuos da rede de produção orgânica no cumprimento da legislação ambiental e trabalhista pertinentes na unidade de produção, considerada em sua totalidade.
• Relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça, dignidade e eqüidade, independentemente das formas de contrato de trabalho.
• Incentivo à integração da rede de produção orgânica e à regionalização da produção e comércio dos produtos, estimulando a relação direta entre o produtor e o consumidor final.
• Produção e consumo responsáveis, comércio justo e solidário baseados em procedimentos éticos.
• Desenvolvimento de sistemas agropecuários baseados em recursos renováveis e organizados localmente.
• Inclusão de práticas sustentáveis em todo o seu processo, desde a escolha do produto a ser cultivado até sua colocação no mercado, incluindo o manejo dos sistemas de produção e dos resíduos gerados.
• Oferta de produtos saudáveis, isentos de contaminantes oriundos do emprego intencional de produtos e processos que possam gerá-los e que ponham em risco a saúde do produtor, do trabalhador ou do consumidor, e o meio ambiente.
• Preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais, a recomposição ou incremento da diversidade biológica dos ecossistemas modificados em que se insere o sistema de produção, com especial atenção às espécies ameaçadas de extinção, à diversificação da paisagem e à produção vegetal.
• Uso de boas práticas de manuseio e de processamento com o propósito de manter a integridade orgânica e as qualidades vitais do produto em todas as etapas.
• Adoção de práticas na unidade de produção que contemplem o uso saudável do solo, da água e do ar de modo a reduzir ao mínimo todas as formas de contaminação e desperdício desses elementos.
• Utilização de práticas de manejo produtivo que preservem as condições de bem-estar dos animais. O manejo produtivo deve assegurar condições que permitam aos animais viver livres de dor, sofrimento, angústia, em um ambiente em que possam comportar-se como se estivessem em seu hábitat original, compreendendo movimentação, territorialidade, descanso e ritual reprodutivo. A nutrição dos animais deve assegurar alimentação balanceada, correspondente à fisiologia e comportamento de cada raça.
• Incremento dos meios necessários ao desenvolvimento e equilíbrio da atividade biológica do solo.
• Emprego de produtos e processos que mantenham ou incrementem a fertilidade do solo em longo prazo.
• Reciclagem de resíduos de origem orgânica, reduzindo ao mínimo o emprego de recursos não-renováveis.
• Manutenção do equilíbrio no balanço energético do processo produtivo.
• Conversão progressiva de toda a unidade de produção para o sistema orgânico.

O que é a teoria da trofobiose?
De acordo com a teoria da trofobiose, as plantas desequilibradas ficam mais suscetíveis ao ataque de pragas (fungos, bactérias, insetos, nematóides e outros). Esse desequilíbrio pode ser provocado por alterações fisiológicas, principalmente na composição da seiva vegetal, em decorrência de excesso ou falta de fatores nutricionais, de intoxicações químicas, do uso exagerado de produtos químicos sintéticos e de estresse hídrico, provocado por excesso ou falta de água. As pragas não possuem a capacidade de decompor e aproveitar substâncias complexas e insolúveis, mas são capazes de formá-las a partir de substâncias simples e solúveis. Assim, o
estado bioquímico das plantas e a presença ou ausência de substâncias simples e solúveis essenciais à sobrevivência das pragas é que determinam seu estabelecimento ou não e o aparecimento dos sintomas de ataque. Como as moléculas simples e solúveis estão presentes nas plantas desequilibradas, as desordens fisiológicas tornam-nas mais suscetíveis ao ataque das pragas. Como exemplos podem-se citar o uso de agrotóxicos, que leva à inibição da formação
de substâncias complexas e à carência de micronutrientes nas plantas, que inibe a formação de substâncias complexas, e o uso exagerado de adubos nitrogenados solúveis, que leva à produção
de substâncias mais simples, como os aminoácidos.

O que é equilíbrio ecológico?
Equilíbrio ecológico é o estado ou condição de um ambiente natural, ou manejado pelo homem, em que ocorrem relações harmoniosas entre os organismos vivos e entre estes e o meio ambiente, ao longo do tempo. É uma condição fundamental para a sustentabilidade dos sistemas orgânicos de produção, no tempo e no espaço.

O que é diversidade biológica ou biodiversidade?
A diversidade biológica, ou biodiversidade, compreende todas as formas de vida do planeta (animais, plantas e microorganismos), suas diferentes relações e funções e os diversos ambientes formados por eles. É responsável pela manutenção e recuperação do equilíbrio e da estabilidade dos ambientes naturais e manejados pelo homem.
Proporciona o aumento da freqüência de reprodução, da taxa de crescimento, do tamanho e da diversidade de organismos vivos num dado espaço e o conseqüente surgimento e manutenção de espécies que sustentam outras formas de vida e modificam o ambiente, tornando-o apropriado e seguro para a vida.

Qual a relação e a importância da biodiversidade para a agricultura orgânica?
Um dos princípios da produção orgânica é a preservação e ampliação da biodiversidade. A restituição da biodiversidade vegetal permite o restabelecimento de inúmeras interações entre solo, plantas e animais, resultando em efeitos benéficos para o agroecossistema.
Entre esses efeitos podem-se citar:
• A variedade na dieta alimentar e de produtos para o mercado.
• O uso eficaz e a conservação do solo e da água, com a proteção da cobertura vegetal contínua, do manejo da matéria orgânica e implantação de quebra-ventos.
• A otimização na utilização de recursos locais.
• O controle biológico natural.

Como são tratados os aspectos sociais e econômicos da produção na agricultura orgânica?
A agricultura orgânica visa ao desenvolvimento de sistemas agropecuários sustentáveis organizados localmente, levando em consideração os contextos culturais, sociais e econômicos. É um modelo de produção ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável em pequena, média e grande escala, que visa otimizar o processo produtivo em vez de maximizar a produtividade.
A agricultura orgânica incentiva a integração da cadeia produtiva, a regionalização da produção e do comércio de produtos, a relação direta entre produtor e consumidor final, o consumo responsável, o comércio justo e solidário, e relações de trabalho baseadas no tratamento com justiça, dignidade e eqüidade, independentemente das formas de contrato de trabalho.

O que são as boas práticas da produção orgânica vegetal?
As boas práticas da produção orgânica vegetal são procedimentos orientadores, não obrigatórios, a serem adotados no manejo dos agroecossistemas, e elaborados com a finalidade de serem incorporados, em médio e longo prazos, nos regulamentos técnicos da produção orgânica.

Quais as boas práticas na diversificação da paisagem e na produção vegetal?
Os sistemas orgânicos de produção agropecuária devem assegurar a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais e modificados em que se insere o sistema de produção. As práticas recomendadas são:
• Adoção de rotação de culturas diversas e versáteis que incluam adubos verdes, leguminosas e plantas de raízes profundas, ou outras práticas promotoras de diversidade.
• Diversificação entre e dentro das espécies cultivadas.
• Utilização de cordões de contorno.
• Promoção da biodiversidade vegetal e animal em áreas em que esteja cultivada uma só espécie vegetal, com o plantio de várias espécies de plantas, preferencialmente árvores nativas, ou da implantação de faixas de vegetação intercaladas à cultura principal, criando corredores
ecológicos.
• Cobertura apropriada do solo com espécies diversas pelo maior período possível.

Quais as boas práticas no manejo orgânico e na conservação do solo e água?
A unidade produtora deve destinar áreas apropriadas cujo manejo respeite o hábitat de espécies silvestres, preserve a qualidade das águas e a saúde do solo. As práticas recomendadas são:
• Adoção de medidas para prevenir a erosão, a compactação, a salinização e outras formas de degradação do solo.
• Minimização das perdas de solo.
• Utilização de matéria orgânica.
• Planejamento de sistemas que utilizem os recursos hídricos de forma responsável e apropriada ao clima e à geografia local.
• Planejamento e manejo de sistemas de irrigação considerando as especificidades de cada cultura.
• Manutenção e preservação de nascentes e mananciais hídricos.
• Utilização de quebra-ventos.
• Integração da produção animal e vegetal.
• Implantação de sistemas agroflorestais.

Quais as boas práticas para a fertilidade do solo e a fertilização?
A nutrição de plantas deve fundamentar-se nos recursos do solo, e a base para o programa de adubação deve ser o material biodegradável produzido nas unidades de produção orgânicas.
O manejo da adubação deve minimizar as perdas de nutrientes, assim como o acúmulo de metais pesados e outros poluentes.
Os insumos, em seu processo de obtenção, utilização e armazenamento, não devem comprometer a estabilidade do hábitat natural, a manutenção de quaisquer espécies presentes na área de cultivo ou não representar ameaça ao meio ambiente ou à saúde humana.

Quais as boas práticas no manejo de insetos-praga?
Os sistemas orgânicos de produção devem promover a estruturação das culturas em ecossistemas equilibrados visando à maior resistência a pragas e à promoção da saúde do organismo agrícola. O uso de produtos e processos para controle de organismos potencialmente danosos às culturas deve preservar o desenvolvimento natural das plantas, a sustentabilidade ambiental, a saúde do agricultor e do consumidor final, inclusive em sua fase de armazenamento.







quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Manejo de pragas e doenças no cultivo orgânico eps 2



Os alimentos orgânicos são os ideais para toda a família, por não utilizarem agrotóxicos e adubos químicos solúveis e, por serem produzidos com técnicas ambientalmente corretas. Em comparação com os alimentos obtidos na agricultura  convencional, os produtos orgânicos possuem maior teor de vitaminas, sais minerais, proteínas, aminoácidos, carboidratos e matéria seca e, ainda melhor sabor e conservação. Além do maior custo, os agroquímicos, especialmente quando aplicados incorretamente, contaminam rios, lagos e córregos, colocando em risco a saúde do agricultor, do consumidor e do meio ambiente.
     Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA – em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ –  realizada com frutas e hortaliças nos maiores centros consumidores do Brasil desde 2001, comprova que várias espécies cultivadas estão seriamente contaminadas por resíduos de agrotóxicos e, o que é pior, por produtos não autorizados para as culturas. Relatório recente da Anvisa, em 26 estados, pesquisando 20 espécies (frutas e hortaliças) em 2009,  revela que 907 (29%) amostras de um total de 3.130 amostras coletadas, incluindo todas as espécies pesquisadas, estavam contaminadas,alcançando no pimentão, uva, pepino, morango, couve, abacaxi, mamão, alface, tomate e beterraba até 80; 56,4; 54,8; 50,8; 44,2; 44,1; 38,8; 38,4; 32,6 e 32% de amostras contaminadas, respectivamente.
     Numa floresta nativa com muitos tipos de plantas, as doenças e as pragas existem, mas não causam maiores problemas, porque estão em equilíbrio. Na agricultura orgânica o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não provocar o desequilíbrio do sistema. Mesmo no cultivo orgânico podem ocorrer desequilíbrios temporários que aumentam a população de insetos-pragas ou patógenos que causam doenças à níveis incontroláveis. Estes fatores podem ser chuvas ou secas excessivas, mudas e/ou sementes de baixa qualidade,  uso de cultivares não adaptadas, solos degradados, adubações desequilibradas e outros. Neste caso, deve-se recorrer às caldas protetoras, aos preparados de plantas e outros produtos alternativos recomendados ou tolerados no cultivo orgânico, visando o manejo de doenças e pragas nas plantas cultivadas. É importante ressaltar, que práticas tais como plantio direto, cultivo mínimo, adubação orgânica e verde, uso de cultivares resistentes às pragas e doenças, cobertura morta, rotação e consorciação de culturas, são essenciais para o sucesso do cultivo orgânico, pois conduzem à estabilidade do agroecossistema, ao uso equilibrado do solo, ao fornecimento ordenado de nutrientes e à manutenção de uma fertilidade real e duradoura. Convém salientar, no entanto, que os produtos alternativos  mesmo que na grande maioria não cause riscos ao homem e ao meio ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários. A maioria das plantas utilizadas são plantas aromáticas, medicinais e algumas ornamentais. No entanto, alguns dos princípios ativos das plantas usados, podem provocar irritação e intoxicação, por isso devem ser manipulados com cuidado, utilizando-se equipamentos de proteção e  não deixando-os ao alcance de criança ou animais.
. Preparado com alho - manejo de tripes, pulgões (Figura 1), lagarta do cartucho do milho e doenças - podridão negra, ferrugem e alternáriaO alho é um antibiótico natural, inibidor ou repelente de parasitas de plantas ou animais. Modo de preparar: moer 100g de alho e deixar em repouso por 24 horas em 2 colheres de óleo mineral. Dissolver, à parte, 10g de sabão em 0,5 L de água. Misturar todos os ingredientes, filtrar e, diluí-lo em 10 litros de água (Fonte: Abreu Junior, 1998);
.Preparado com cravo-de-defunto - manejo de pulgões, ácaros, lagartas e nematóide. Modo de preparar: misturar 1 kg de folhas e talos de cravo-de-defunto (Tagetes sp) com ou sem flores em 10 litros de água. Levar ao fogo, deixando ferver durante meia hora ou então deixar os talos e folhas picados em molho, por dois dias. Coar e pulverizar sem diluir. O cravo-de-defunto plantado em área infestada de nematóides é um repelente natural;
● Preparado com sálvia - manejo de lagartas da couve, repolho, couve-flor e brócolis. Modo de preparar: derramar 1 litro de água fervente sobre 2 colheres de sopa de folhas secas de sálvia. Tampar o recipiente e deixar em infusão durante 10 minutos. Agitar bem, filtrar e pulverizar imediatamente sobre as plantas  para repelir a borboleta branca que coloca os ovos nas folhas das plantas cultivadas, originando as lagartas que comem as folhas (Figura 1).
● Preparado com urtiga  nutrição, estimulante de vigor e resistência, manejo de pulgões.Modo de preparar: deixar de molho por duas semanas 1kg de folhas verdes ou 200g de folhas secas/2 litros de água. Diluir em 20 litros de água e pulverizar nas plantas e solo no final da tarde, alternando com o preparado de cavalinha. (Deffune, 2000).
 Preparado com camomila - manejo de doenças fúngicas. Modo de preparar: misturar 50g de flores de camomila em 1L de água. Deixar de molho durante 3 dias, agitando quatro vezes ao dia. Depois de coar, pulverizar a mistura sem diluir, três vezes a cada 5 dias.
● Preparado com coentro - manejo de ácaros e pulgões. Modo de preparar: cozinhar folhas de coentro em 2L de água. Para pulverizar sobre as plantas, acrescentar água. (Fonte: Zamberlan & Froncheti, 1994).
● Preparado com chuchu - manejo de lesmas e caracóis. Modo de preparar: colocar dentro de latas rasas, como as de azeite, pedaços de chuchu cortados ao meio e adicionar sal. Essa mistura é bastante atrativa para essas pragas e possibilita posteriormente, a eliminação e destruição destas pragas.
● Preparado com buganville (primavera/maravilha)- manejo do vírus do vira-cabeça do tomateiro e pimentão. Modo de preparar: juntar 1 kg de folhas maduras e lavadas de buganville (flores rosa ou roxa) com água e bater no liquidificador. Coar e diluir o macerado em 20 L de  água. Pulverizar imediatamente o tomateiro nas horas mais frescas do dia., iniciando na fase de mudas e terminando no início da frutificação. (Souza, 2003).



Figura 1. Sálvia (planta medicinal) e alho (hortaliça-tempero), utilizadas em preparados que podem serem feitos na propriedade, são eficientes no manejo de lagartas  e pulgões, respectivamente, que atacam a couve, repolho, couve-flor e brócolis.


 A utilização intensiva da mecanização, dos adubos químicos, dos agrotóxicos e das sementes híbridas, predominantes na agricultura convencional ou “moderna”, formam um círculo vicioso, interessante apenas para as multinacionais da agroindústria. O revolvimento intenso do solo com máquinas e equipamentos, favorecendo a erosão, faz com que se utilize cada vez mais adubos químicos, exigidos em quantidades cada vez maiores pelas cultivares modernas criadas e, em conseqüência do desequilíbrio nutricional do solo, as plantas tornam-se mais susceptíveis às pragas e doenças, exigindo cada vez mais a utilização de agrotóxicos.  O Brasil é um dos países campeões do mundo no consumo de agroquímicos. O faturamento de 2002 para 2004, aumentou de  R$1,2 bilhões para R$4,1 bilhões reais. Recente Relatório da FAO classifica o Brasil como o 3º maior consumidor de agrotóxicos, coincidentemente ou não, o 3º em mortalidade por câncer. Em Fortaleza, de acordo com levantamento em hospitais, 51% das pessoas atacadas de cirrose hepática são abstêmias e, em sua maioria, consumidoras de dieta a base de frutas e hortaliças, justamente as culturas mais contaminadas por agrotóxicos. Como conseqüência de intoxicações por agrotóxicos são citadas moléstias tais como câncer, cirrose hepática, abortos, deformações fetais, impotência sexual, fibrose pulmonar,braquicardia, distúrbios do sistema nervoso, hepatite, acnes, pancreatite, diabete,úlcera, alergia e distúrbios audiovisuais, que se somam a outras intoxicações consideradas leves (Ponte, 1999).
    Um dos princípios básicos da agricultura orgânica é a não dependência de insumos externos que, na sua grande maioria, são importados, custam caro e, o que é pior, contaminam o meio ambiente e prejudicam a saúde do produtor e do consumidor.  Daí a importância dos preparados caseiros à base de plantas, facilmente elaborados na propriedade, para o manejo de pragas e doenças que atacam os cultivos orgânicos. É importante ressaltar, no entanto, que plantas saudáveis produzidas em ambientes equilibrados, normalmente  são menos atacadas por pragas e doenças. Por isso, recomenda-se utilizar esses produtos alternativos,  somente quando realmente for necessário.  Alguns dos princípios ativos das plantas usados, podem provocar irritação e intoxicação, por isso devem ser manipulados com cuidado, utilizando-se equipamentos de proteção e  não deixando-os ao alcance de criança ou animais.
A maior parte das pragas ataca geralmente na primavera, estação do ano de fertilidade e de grande atividade na natureza. Elas podem causar vários danos nas plantas, além de favorecerem o surgimento de doenças, principalmente as fúngicas.
Preparado com pimenta vermelha - manejo de vaquinhas (Figura 2), pulgões, grilos e paquinhasModo de preparar: bater 500 g de pimenta vermelha em um liquidificador com 2 litrosde água. Coar o preparado e misturar com 5 colheres de sopa de sabão de coco em pó, acrescentando mais 2 litros de água. Pulverizar sobre as plantas atacadas. Para evitar a obtenção de frutos com forte odor deve-se aplicar, no mínimo, até 12 dias antes da colheita (Fonte: Andrade, 1992). 
● Preparado com cavalinha-do-campo – manejo de pulgões e ácaros e fungos de solo, míldio e outras e para nutrição das plantas. Modo de preparar:  ferver 1kg de folhas verdes ou 200g de folhas secas por 20 minutos em 2L de água (10%). Diluir em 10 a 20 litros de água e pulverizar no final da tarde (Deffune, 2000).
 Preparado com confrei - manejo de pulgões, lagartas e lesmas. Modo de preparar: utilizar o liquidificador para triturar 1kg de folhas de confrei com água. Acrescentar 10 litros de água e pulverizar nas plantas.
 Preparado com cebola - manejo de pulgões, lagartas e vaquinhas. Modo de preparar: Cortar 1kg de cebola e misturar em 10L de água, deixando o preparado curtindo durante 10 dias. Utilizar 1L da mistura em 3L de água para pulverizar as plantas, atuando como repelente.
 Preparado com losna - manejo de lagartas, lesmas, percevejos e pulgões. Modo de preparar:Diluir 30g de folhas secas de losna em 1L de água, fervendo essa mistura durante 10 minutos. Adicionar 10L de água ao preparado para pulverização.
● Preparado com samambaia- manejo de ácaros, cochonilhas e pulgões. Modo de preparar:Colocar 500g de folhas frescas ou 100g de folhas secas em 1L de água. Ferver por meia hora. Para a aplicação, diluir 1L desse macerado em 10L de água.
● Preparado com cinamomo- manejo de pulgões e cochonilhas. Modo de preparar: Colocar 500g de sementes maduras, secas e moídas numa mistura de 1L de álcool e 1L de água. Deixar descansar por 4 dias. Depois de pronto o extrato, armazenar em vidros ou em garrafas de cor escura. Diluir a solução do extrato a 10%, ou seja, para cada litro de extrato usar 10L de água e aplicar nas partes atacadas das plantas. O restante das sementes secas pode ser guardado em potes para uso posterior. O cinamomo, ou árvore-santa (Melia azedarach), é uma planta da mesma família do nim, cujas folhas e sementes têm propriedades inseticidas.



Figura 2. O preparado de pimenta vermelha (à esquerda) é eficiente no manejo de insetos-pragas como vaquinhas (patriota), pulgões,  grilos e paquinhas. Ao controlar a vaquinha (adulto) que alimenta-se das folhas, com o preparado de pimenta, controla-se também a larva-alfinete (vaquinha na fase larval) que perfura os tubérculos de batata (à direita), bem como plantas recém-emergidas.


O manejo de pragas no cultivo orgânico não procura exterminar os insetos-pragas, mas simplesmente mantê-los em determinados níveis de equilíbrio e, não colocando em risco a  lavoura e o lucro do agricultor e, especialmente a saúde do produtor e consumidor. Em geral, os insetos causam prejuízos ao homem e animais, sejam através dos danos às plantações, ou através da transmissão de doenças. Outros são benéficos como o bicho-da-seda, abelhas e demais polinizadores e insetos que se alimentam de outros insetos. O grande desafio da agricultura é manter a produtividade dos cultivos e ao mesmo tempo melhorar a qualidade e sanidade dos alimentos, conservando os recursos naturais (solo, água, ar e organismos benéficos) para gerações futuras. O reconhecimento dos insetos-pragas e seus inimigos naturais não pode ser dispensado no cultivo orgânico. Inseto pode ser considerado praga quando causa danos econômicos ao produtor. A simples presença de insetos na lavoura não significa perdas; é necessário que a população destes seja elevada. Antes de iniciar um controle o produtor deve primeiro reconhecer qual a praga que costuma sempre causar danos a sua lavoura. Caso não consiga reconhecer, deve recorrer ao técnico do município para determinar a praga e, principalmente, verificar a necessidade de tratamentos fitossanitários com produtos alternativos. No cultivo orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não desequilibrar o sistema. Por isso, os produtos alternativos, mesmo que não causem riscos ao homem e meio ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários e, sempre aplicados com equipamentos de proteção e, tomando-se o cuidado de não deixá-los ao alcance de crianças e animais.
. Água de cinza e cal (“fertiprotetor” de plantas): É um produto ecológico obtido pela mistura de água, cinza e cal, recomendado para aumentar a resistência das culturas às pragas, reduzindo a ocorrência de vaquinhas e pulgões e também de doenças. Essa mistura contém expressivos teores de macro (Ca, Mg e K) e micronutrientes, estimulando a resistência às doenças fúngicas e bacterianas. (Fonte: Claro, 2001). Modo de preparar: Em um recipiente de alvenaria, plástico ou latão misturar 5kg de cal hidratado e 5kg de cinza peneirada com 100L de água. A mistura deve permanecer em repouso no mínimo por 1 hora antes de ser utilizada. Nesse período, agita-se a mistura no mínimo três a quatro vezes, com madeira ou taquara. Após a última agitação, esperam-se 10 a 15 minutos para que ocorra a sedimentação das partículas sólidas. A água de cinza e cal deve ser coada antes do uso, usando-se a peneira do pulverizador. A mistura deve ser filtrada e armazenada em bombonas. No momento de usá-la, basta agitar o conteúdo que irá retomar a cor branco-leitosa. Preferencialmente, no momento de usá-la, pode-se associá-la a um espalhante adesivo (farinha de trigo a 2%). Cuidados na aplicação: evitar aplicar em horários de intenso calor. No verão, aplicar à tardinha ou de manhã cedo, especialmente quando a cinza utilizada for de madeira, pois tem maior concentração de nutrientes e é mais salina e alcalina. 
. Enxofre (acaricida): é um produto natural que pode ser usado puro ou na calda sulfocálcica visando o manejo de ácaros. Ao ser utilizado puro, devem-se misturar, a seco, 800g de enxofre e 200g de farinha de milho bem fina, diluindo 34g em 10 litros de água e aplicar sobre as plantas (Fonte: Paulus, 2000).
. Farinha de trigo - espalhante adesivo ecológico e manejo de ácaros, pulgões e lagartas. Quanto mais cerosa for a superfície da folha ou ramos das plantas tratadas, maior número de gotas se forma, menor a área de molhamento, maior a possibilidade de injúrias e menor a eficiência da pulverização sobre a nutrição ou manejo de pragas e doenças. Dentre as hortaliças, alho, cebola, repolho e couve-flor são exemplos de culturas com alta cerosidade nas folhas e que exigem, por isso, o uso de espalhante adesivo nas pulverizações das caldas, da água de cinza e cal e de outros produtos alternativos. Quando as gotas permanecem inteiras sobre a superfície foliar, por falta de espalhante adesivo, podem danificar os tecidos vegetais quando o sol incide sobre elas.Modo de preparar: Em um recipiente apropriado, misture com água os ingredientes a serem pulverizados, acrescentando a farinha por último. Adicionar a farinha aos poucos, lentamente, sob forte e constante agitação com auxílio de uma pá de madeira ou taquara para que a dissolução seja completa. Para evitar obstrução de bicos do pulverizador recomenda-se coar a calda, podendo-se utilizar a própria peneira do pulverizador. Dosagem: 200g de farinha de trigo em cada 10L de calda. Essa dose pode ser aumentada ou diminuída de acordo com o grau de cerosidade das folhas. No manejo de insetos-pragas que ocorrem em hortas, recomenda-se o seguinte preparo: diluir 1 colher de sopa de farinha de trigo em 1L de água e pulverizar nas folhas atacadas. Aplicar pela manhã em cobertura total nas folhas, em dias quentes, secos e com sol; mais tarde, as folhas secando com o sol formam uma película que envolve as pragas e caem com o vento.
. Leite cru - manejo de ácaros, ovos de lagartas, lesmas, doenças fúngicas  e viróticas. O leite, na sua forma natural ou como soro de leite, é indicado para o manejo de ácaros e ovos de diversas lagartas como atrativo para lesmas e no controle de várias doenças fúngicas tais como o oídio (Figura 3) e viróticas. Pesquisa comprovou a eficiência do leite cru (+10%) sobre o oídio em cucurbitáceas, mesmo após o início da infecção no campo, superando o leite industrializado (tipo C e o longa vida). Essa maior eficiência do leite cru e fresco pode ser explicada, em parte, pela maior concentração de substâncias e de microrganismos fermentados em relação aos leites industrializados. (Fonte: Zatarim et al., 2005).


Figura 3. O fungo oídio que tem como principal sintoma a formação de um pó branco sobre as folhas, ataca o feijão-vagem (foto) e as demais espécies da família das cucurbitáceas (melão, melancia, pepino, abóbora e moranga). O leite cru e fresco à 10%  (1 L para 100 L de água) é eficiente no controle desta doença, mesmo no início da infecção.


     A modernização da agricultura, após a Segunda Guerra, acrescentou, ao processo de produção de alimentos, a utilização de máquinas e equipamentos agrícolas, além de fertilizantes e pesticidas químicos, tornando o sistema altamente dependente de recursos(insumos agrícolas) externos às propriedades rurais. A aplicação dessas tecnologias acarretam aumento dos custos de produção com conseqüente aumento dos preços dos alimentos para os consumidores, inviabilizando freqüentemente as produções agrícolas e, o que é pior, com esse sistema vieram também muitos casos de intoxicações de agricultores, aumento da mortalidade de animais domésticos e silvestres, contaminação dos solos, das águas e dos alimentos com resíduos de pesticidas que afeta, direta e indiretamente, a saúde das comunidades envolvidas na produção de alimentos.
     No cultivo orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não provocar o desequilíbrio do sistema. Por isso, os produtos alternativos, mesmo que não causem riscos ao homem e meio ambiente, somente devem ser utilizados quando necessários e, sempre aplicados com proteção e, tomando-se o cuidado de não deixá-los ao alcance de crianças e animais.
. Iscas tóxicas com ácido bórico - manejo de lesmas. A isca deve ser formulada com 7 partes de farinha de trigo, 3 partes de farinha de milho, 3% a 5% de ácido bórico (encontrado em farmácias) e ovos. A pasta resultante deve ser filamentosa, seca à sombra, fragmentada em pedaços de 0,5cm de comprimento e distribuída na área infestada (Fonte: Milanez & Chiaradia, 1999b).
. Iscas com plantas e sementes de gergelim e com raízes de mandioca brava ralada - manejo de formigas. O uso de sementes de gergelim como iscas, para ninhos pequenos, na base de 30 a 50 gramas ao redor  do olheiro, é útil no combate a formigas, que irão carregá-las para dentro com o objetivo de alimentar os fungos, que, por sua vez, morrem intoxicados, deixando as formigas sem alimento (fungos). Um bom método natural para espantar as formigas é espalhar sementes de gergelim em torno dos canteiros ou da área a ser protegida. Raízes de mandioca-brava raladas colocadas ao redor do formigueiro intoxicam as formigas com o ácido cianídrico.
. Cinzas de madeira - manejo de pulgões, lagarta-rosca e os fungos míldio e sapeco; nutrição. Além de um ótimo adubo rico em potássio, a cinza  controla os pulgões dos cítrus (laranja, limão e outras) das hortaliças e de outras espécies. Polvilhada sobre o solo ou incorporada a ele, controla a lagarta-rosca por um período de 10 dias, dependendo do clima. No manejo da doença do sapeco da folha, que ocorre em cebolinha verde, e em sementeiras de cebola na fase de produção de mudas,  aplica-se sobre as plantas, antes que o sereno (orvalho) evapore, 50g/m2 de cinza de madeira.
. Urina de vaca em lactação - manejo de pragas, doenças e nutrição. Indicada para hortaliças em geral e para o abacaxi, pois contém catecol, substância  que aumenta a resistência das plantas ao ataque de pragas e doenças. No abacaxi, a urina é eficiente no controle de fusariose. No geral, durante os 3 primeiros dias após aplicação, age como repelente contra insetos, principalmente a mosca-branca. Serve também como fonte de macro e micronutrientes (Fonte: Gadela et al., 2002). Coleta e preparo: coletar a urina e colocá-la em recipiente plástico fechado durante 3 dias, que é o tempo necessário para que a ureia se transforme em amônia.  Pode ser guardada por 1 ano em vasilha fechada. A coleta da urina é simples e deve ser feita na hora de tirar o leite, pois ao ter as pernas amarradas para a ordenha é normal o animal urinar. Dosagem e aplicação: para cada 100L de água usar 1L de urina de vaca em lactação. Pulverizar sobre a planta a cada 15 dias. Recomendações: toda pulverização com solução de urina deve ser aplicada nas horas frescas do dia. Evitar o uso em hortaliças folhosas e em hortaliças-frutos próximo à colheita devido ao forte odor. A urina de cabra também pode ser utilizada, mas como possui maior concentração de nitrogênio, deve ser colocado meio litro de urina para cada 100L de água. Dar preferência à urina de vacas em lactação porque tem mais substâncias (fenóis e hormônios) que as outras. O cheiro forte após a aplicação permanece durante 3 dias,  agindo nesse período como repelente de insetos.
Bactéria Baccillus thurigiensis – manejo da broca das cucurbitáceas (pepino, melão, moranga, melancia), brocas do tomateiro,  lagarta das brássicas (couve, repolho, couve-flor e brócolis) e lagarta do cartucho do milho. O produto é vendido pelas agropecuárias com o nome comercial de Dipel e diversos outros nomes. É o controle biológico, recomendado no cultivo orgânico de alimentos.
. Caldas bordalesa e sulfocálcica – as caldas possuem baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais. O cobre presente na calda bordalesa (Figura 4) é pouco tóxico para a maioria dos pássaros, abelhas e mamíferos, porém é tóxico para peixes. A aplicação de caldas não tem o objetivo de erradicar os insetos e as doenças, mas proteger as plantas e ativar o seu mecanismo de resistência. A vantagem é que além de serem facilmente preparadas na propriedade, reduzem significativamente o custo de produção dos cultivos. Estas caldas, especialmente a sulfocálcica, são vendidas em agropecuárias já prontas com um custo baixo. As caldas podem serem aplicadas em frutas e hortaliças, seguindo as dosagens específicas e alguns cuidados no preparo e aplicação.



Figura 4. A foto mostra a eficiência da calda bordalesa no manejo da requeima (sapeco) do tomateiro (à esquerda), que também ataca a batata e o pimentão, comparada a fila de tomateiros (à direita) sem aplicação da calda, totalmente atacada pelo fungo. Epagri/Estação Experimental de  Urussanga.