google.com, pub-8049697581559549, DIRECT, f08c47fec0942fa0 VIDA NATURAL

ANUCIOS

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Plantio Orgânico da Cenoura



A cenoura (Daucus carota), pertence a família das apiaceae, assim como o coentro, aipo, salsão, salsa e batata-salsa. A importância nutricional da cenoura é atribuída, principalmente, ao alto teor de vitamina A (vitamina da beleza), essencial para a saúde dos olhos, pele, dentes e cabelos, atuando sobre o crescimento e aumentando a resistência do organismo às doenças. Outras vitaminas como B1, B2, B5 e vitamina C também são encontradas nas cenouras, além de teores consideráveis de sais minerais (cálcio, fósforo e ferro). O consumo regular de cenoura é eficiente no combate à anemia e falta de vitaminas.    
   Por ser consumida na forma de salada crua e também cozida, o cultivo orgânico de cenoura (sem agroquímicos) é essencial para garantir a saúde do agricultor, consumidor e meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 21 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que, das 3.130 amostras coletadas em 2009, 29% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para as culturas. A cenoura foi uma das mais contaminadas, apresentando 24,8% das amostras com resíduos de agrotóxicos. Considerando que na cenoura, praticamente, não há prejuízos com pragas e doenças e, por isso, não necessita de agrotóxicos, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com acefato. Além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer.

Recomendações técnicas

.Escolha correta da área e análise do solo: na escolha da área deve-se evitar terrenos úmidos e/ou sombreados. A cenoura produz melhor em solos leves e soltos (areno-argilosos,franco arenosos e turfosos).

.Épocas de semeadura e cultivares: o cultivo pode ser feito durante o ano todo. Mas, para cada época deve-se escolher a cultivar correta. As cultivares de inverno não podem ser semeadas no verão devido à susceptibilidade às doenças foliares. Por outro lado, as cultivares de verão semeadas no inverno, florescem, em detrimento da qualidade das raízes. Para cultivo no outono e início de inverno no Litoral, recomenda-se cultivares do grupo Nantes (Nantes, Meia comprida de Nantes,Nantes Superior e outras). No final de inverno, primavera e verão são indicadas as cultivares do grupo Brasília (Brasília, Brasília RL, Brasília Irecê, Brasília Calibrada G, Brasília Alta Seleção e Brazlândia). Pesquisa na Estação Experimental de Urussanga, na semeadura de agosto, revelou a superioridade do cultivo orgânico em relação ao sistema convencional. 

.Preparo do solo e do canteiro: as sementes, por serem pequenas, exigem bom preparo do solo para que ocorra boa emergência das plantas. No preparo do canteiro, recomenda-se: correção da acidez, revolvimento do solo, manualmente (pá de corte ou enxadão) ou mecanizado (aração profunda e gradagens cruzadas), espalhar na área o adubo orgânico curtido sete a dez dias, antes da semeadura, e construção dos canteiros com auxílio de um roto-encanteirador ou rotativa de microtrator. Os canteiros devem ter em torno de 1,10 m de largura e 15 cm de altura e comprimento variável. Após o nivelamento e retirada dos torrões marca-se os sulcos de semeadura (1 a 2 cm de profundidade), espaçados de 30 em 30 cm, utilizando-se um riscador.

.Adubação de plantio: a adubação orgânica deve ser feita com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Plantas bem nutridas são mais resistentes às pragas e doenças.
 
.Semeadura, cobertura do solo e manejo de plantas espontâneas: semeia-se diretamente em sulcos, manualmente ou com semeadora de tração mecânica ou manual, 0,5  a 1g de sementes por m2. O uso de cobertura após a semeadura é recomendado, especialmente no verão, quando as temperaturas são elevadas e as precipitações freqüentes. Pesquisa da Epagri revelou maior emergência de plantas ao utilizar sombrite, pó-de-serra ou casca de arroz (2 cm) como cobertura, em comparação ao solo descoberto. A cobertura protege as sementes do sol direto no verão, da erosão provocada pela irrigação ou chuvas e, impede a formação de uma crosta dura no solo que impede a emergência das plantas.O período mais crítico de competição com as plantas espontâneas é na emergência da cenoura, até os 25 dias subsequentes. Após, as plantas espontâneas não reduzem a produção e, ainda favorecem o equilíbrio ecológico. Para retardar as plantas espontâneas, uma boa opção é a cobertura do canteiro com jornal (preto e branco); cobre-se todo o canteiro utilizando-se uma folha de jornal e, sobre esta, aplica-se 2cm de composto orgânico peneirado. Depois, procede-se a abertura dos sulcos, a semeadura e cobertura das sementes e, irrigação do canteiro. 

.Desbaste e adubação de cobertura: após três semanas da emergência da cenoura, efetuar o desbaste (eliminação do excesso de plantas). Recomenda-se deixar 10 a 15 plantas por metro linear, ou seja, 7 a 10 cm entre plantas. Aos 25 dias após a semeadura, quando necessário, faz-se uma adubação em cobertura. 

.Irrigação: o sistema de irrigação por aspersão é o mais utilizado. O solo deve ser mantido úmido, sem encharcar, durante todo o ciclo da cultura. A falta d'água no solo, seguidos de irrigação excessiva, podem provocar rachaduras nas raízes que pode ser agravado com a deficiência de boro e/ou cálcio. Por isso, recomenda-se irrigações diárias leves até a emergência da cenoura (até os 40 dias após a semeadura). 

.Manejo de doenças e pragas: é resistente às pragas. As principais doenças são: queima das folhas e podridão mole. 
.A Queima das folhas é causada por dois fungos e uma bactéria que aparecem com umidade relativa do ar alta e temperatura entre 24 e 28 ºC. 
Manejo: usar cultivares resistentes (grupo Brasília); plantio em locais enxutos e ventilados e rotação de culturas. 
A Podridão mole é causada por uma bactéria ainda na lavoura. As raízes apresentam pequenas áreas encharcadas e sob condições de altas umidade e temperatura, aumentam rapidamente, tornando o tecido mole e pegajoso e com cheiro desagradável, ocasionando o amarelecimento das folhas, a seca e morte da planta. 
Manejofazer canteiros altos; rotação de culturas; evitar terrenos encharcados; evitar ferimentos nas raízes, por ocasião dos tratos culturais e colheita.

.Colheita : a colheita é realizada entre 85 e 110 dias após a semeadura. Não retardar a colheita para evitar que tornem-se muito grossas e fibrosas, sujeitas à rachaduras. O consumidor prefere raízes mais novas. As cenouras são arrancadas manualmente, após uma irrigação prévia para evitar danos. Após as folhas são cortadas rente às raízes e colocadas em caixas plásticas. Ainda no campo, faz-se a separação das raízes comerciais daquelas do tipo descarte (raízes laterais, bifurcadas, apodrecidas, rachadas e danificadas). As raízes são lavadas, manualmente, com água corrente. Em seguida, faz-se nova seleção, eliminando-se as raízes danificadas por doenças e/ou pragas e as defeituosas.  
   As cenouras são lavadas e secas o mais rápido possível. Em seguidas são classificadas conforme o comprimento e o diâmetro das raízes. Em ambiente natural, as raízes se conservam com qualidade adequada, no máximo até 7 dias.










sábado, 23 de setembro de 2017

Produção da Batata-Doce Orgânica



A batata-doce (Ipomoea batatas), pertencente à família botânica convolvulaceae, é uma hortaliça tuberosa (raiz) popular, rústica, de ampla adaptação, alta tolerância à seca e de fácil cultivo. Além disso, é uma das plantas com maior capacidade de produzir energia por unidade de área e tempo. Fonte de energia, minerais e vitaminas, a batata-doce pode ser consumida cozida, assada ou frita, ou no preparo de doces. As batatas e as ramas também podem ser destinadas à alimentação animal, principalmente de bovinos e suínos, seja na forma "in natura" ou na forma de silagem (ramas). Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga, revelaram que o cultivo orgânico de batata-doce foi superior quanto a produtividade (30%) e qualidade das raízes, quando comparado ao sistema de produção convencional (com uso de agroquímicos).

Recomendações técnicas

.Escolha correta da área e análise do solo: recomenda-se áreas não cultivadas com batata-doce nos últimos anos. Preferencialmente, deve-se utilizar solos leves, soltos, bem estruturados e drenados. A análise do solo deve ser feita com antecedência para conhecimento da fertilidade do solo.
.Épocas de plantio e cultivares: o plantio é nas épocas de temperaturas mais elevadas; além de não tolerar geadas, o crescimento vegetativo e produtividade de raízes de batata-doce são prejudicados em temperaturas menores que 10ºC. 

Épocas: agosto a janeiro nas regiões mais quentes (Litoral). Cultivares: é comum encontrar-se uma cultivar com nomes diferentes ou diferentes cultivares com o mesmo nome. As batatas podem apresentar polpa branca, creme, amarelo-clara e até laranja e roxa, sendo a película externa branca, rosada ou roxa. As cultivares Brazlândia Rosada (ciclo médio de 4 a 5 meses), Brazlândia Roxa e Princesa (ciclo tardio - mais de 5 meses) são indicadas para plantio em Santa Catarina. A Estação Experimental de Urussanga possui uma pequena coleção das principais cultivares indicadas.

.Produção de ramas em viveiro: fazer um viveiro em local que nunca tenha sido cultivado com batata-doce. Utiliza-se para o plantio batatas (80 a 150 g) de plantas produtivas e sadias, plantadas no espaçamento de 80 cm entre linhas por 10 cm entre plantas. As ramas selecionadas(8 a 10 entrenós),devem ser retiradas de viveiros a partir de 60 até 90 dias após o plantio. Para 1 hectare é suficiente enviveirar 70 a 100 kg de batatas.
.Adubação de plantio: é pouco exigente em nutrientes. A adubação deve ser realizada com base na análise do solo e nos teores de nutrientes do adubo orgânico. Caso seja plantada em rotação ou sucessão com espécies já adubadas, pode-se dispensar a adubação. É importante ressaltar que o excesso de matéria orgânica provoca crescimento exagerado da folhagem, reduzindo a produtividade e qualidade das raízes.

.Plantio e espaçamento: O plantio das ramas deve ser feito no alto das leiras ou camalhões (30 a 40 cm de altura) com o solo úmido, utilizando-se uma bengala com a ponta em "U" invertido; as ramas selecionadas (8 a 10 entrenós) são colocadas atravessadas e com a ponta da bengala se enterra a ponta da rama (3 a 4 entrenós). Deve-se deixar as ramas murchar à sombra por 1 a 2 dias antes do plantio, para evitar que se quebrem ao serem enterradas.O espaçamento varia de 70 a 120cm entre leiras e de 25 a 40 cm entre plantas.

.Práticas culturais: Capinas: com enxada ou cultivador na fase inicial de desenvolvimento da cultura (até 45 dias após o plantio). 

Chegamento de terra : após a capina refazer os camalhões, manualmente ou com sulcadores, para evitar rachaduras do solo e assim, reduzir a entrada de insetos do solo e a formação de manchas nas raízes devido à insolação. 

Controle da soqueira: em pouco tempo os restos de batata, raízes e ramas brotam rapidamente, de forma desuniforme e prolongada. A melhor fase para eliminação da soqueira, é no início da tuberização (formação das raízes).

.Manejo de doenças e pragas: é conhecida pela rusticidade e, por isso, não apresenta problemas com pragas e doenças. Eventuais danos podem ser manejados pelas práticas preventivas. Dentre estas destacam-se: plantar ramas sadias e selecionadas de viveiro, eliminando as doentes; retirar as ramas da parte do meio para a ponta das ramas, evitando aquelas próximas ao colo (base) da planta-mãe; uso de cultivares resistentes e adaptadas à região. A Brazlândia Roxa (Figura 1) resiste aos danos causados por insetos de solo, enquanto que a Princesa (Figura 1) tolera o mal-do-pé, doença causada pelo fungo Plenodomus destruens; não plantar em locais encharcados e mal drenados; adubar de acordo com a análise do solo; bom chegamento de terra reduz danos por insetos de solo; colher na época certa para evitar os danos causados por insetos de solo e roedores; evitar lavar as batatas colhidas; caso os restos culturais não sejam utilizados para alimentação de animais, deve-se aproveitá-los na compostagem; rotação de culturas com outras hortaliças por 2 a 3 anos e eliminar as soqueiras; evitar armazenar batata em condições naturais, por período superior a 30 dias.

.Rotação de culturas: plantios sucessivos de batata-doce, em um mesmo local e na mesma estação do ano, favorecem às pragas e doenças e, promovem o desequilíbrio nutricional do solo. Período de rotação: deve ser feita por dois ou três anos com outras hortaliças com diferentes necessidades nutricionais e sistemas radiculares. Evitar o plantio de batata-doce após as leguminosas, pois o excesso de nitrogênio provoca desenvolvimento vegetativo exagerado prejudicando a produção de raízes. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga mostraram a eficiência da rotação de culturas no aumento do rendimento e qualidade de raízes de batata-doce; quando foi feita rotação de culturas por dois anos, a produtividade de raízes aumentou em 40%, ao ser comparada com o sistema sem rotação. Por ser uma espécie com bom sistema radicular (60 a 120 cm), portanto eficiente como recicladora de nutrientes que estão em camadas do solo mais profundas e, também pela rapidez na cobertura do solo no verão, a batata-doce é excelente para ser utilizada em esquemas de rotação de culturas para outras hortaliças.

.Colheita, classificação e comercialização: 
Colheita: com enxada ou com auxílio de arado ou sulcador, após o corte das ramas, quando as raízes atingirem o tamanho ideal exigido pelo mercado. 
Pré-cura: após a colheita as batatas são expostas ao sol para secar,no mínimo 30 minutos, evitando-se as horas mais quentes. 
Classificação: as raízes devem ser selecionadas, eliminando-se aquelas com defeitos (rachadas, esverdeadas, manchadas, danos mecânicos e de insetos) e classificadas de acordo com o peso: Extra A –301 a 400 g; Extra B –201 a 300 g; Especial –151 a 200 g e Diversos – 80 a 150 g ou maiores que 400g. 
Comercialização: nos principais mercados é comercializada lavada, prática que deve ser evitada, porque prejudica a conservação e aumenta as perdas por doenças.O ideal é escová-las para retirar a terra aderida. As raízes são comercializadas em caixas de madeira tipo K (23-25kg), limpas e desinfectadas ou em sacos.


Figura 1. Cultivo orgânico de batata-doce na Estação Experimental de Urussanga: além de ser uma boa alternativa de renda para os produtores, é uma ótima opção para ser incluída em esquemas de rotação de outros cultivos, pois protege o solo no verão e possui grande capacidade de reciclar nutrientes devido ao sistema radicular profundo. As cultivares indicadas Brazlândia roxa (película roxa) e Princesa (película branca) são resistentes aos insetos que perfuram as raízes e à doença mal-do-pé, respectivamente.






terça-feira, 19 de setembro de 2017

Cultivo do Alface Orgânico



A alface (Lactuca sativa L.), hortaliça folhosa de maior aceitação pelo consumidor brasileiro, pertence à família botânica das asteraceae, assim como o almeirão ou radiche e chicória. Esta hortaliça é boa fonte de vitaminas e sais minerais, destacando-se a vitamina A, indispensável para a saúde dos olhos, da pele e dos dentes. A alface é altamente perecível. Por este motivo é produzida nos cinturões verdes dos grandes centros consumidores, constituindo-se para muitos produtores ótima fonte de renda e retorno rápido do investimento.        
  Por ser consumida crua, na forma de salada e apresentar rápido ciclo vegetativo (30 a 45 dias), o cultivo orgânico (sem agroquímicos) de alface é essencial para garantir a saúde do agricultor, do consumidor e, também preservar o meio ambiente. Pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa, com 20 espécies de frutas e hortaliças em 26 estados no Brasil, revelou que,das 138 amostras coletadas de alface em 2009, nos maiores centros consumidores do país, 38,4% apresentaram resíduos de agrotóxicos, especialmente, os não autorizados para a cultura. Considerando que na alface, praticamente, não há problemas com pragas e doenças, estes resultados são muito preocupantes. Chama a atenção a quantidade de amostras contaminadas com metamidofós, que além de ser proibida em vários países, a substância está sendo reavaliada pela Anvisa, pois é um dos ingredientes ativos com alto grau de toxicidade aguda contribuindo para os problemas neurológicos, reprodutivos, de desregulação hormonal e até câncer. Mas os riscos ao meio ambiente e ao consumidor que causa o sistema de produção convencional de alface, não param por aí! Os adubos químicos mais utilizados no cultivo de alface são hidrossolúveis (altamente solúveis em água), especialmente quando utilizados em excesso como os nitrogenados (uréia e outros) e, em condições de chuvas intensas e freqüentes, vão parar nos rios, córregos, lagos e poços, contaminando-os. Além disso, os adubos químicos podem contaminar a alface, provocando o acúmulo de nitratos e nitritos nos tecidos das plantas. O nitrato ingerido passa a corrente sanguínea e reduz-se a nitritos que, combinado com aminas, forma as nitrosaminas, substâncias cancerígenas e mutagênicas.

Recomendações técnicas

.Escolha correta da área e análise do solo: áreas com boa drenagem e sem sombreamento, não cultivadas seguidamente com alface, almeirão e chicória. A análise do solo com antecedência é muito importante. 

.Épocas de plantio e cultivares: a alface é uma hortaliça tipicamente de inverno, mas foi adaptada para cultivo também no verão. Cultivo de outono/inverno - todas as cultivares, em geral, apresentam neste período bom desempenho. Cultivo de primavera/verão - é necessário utilizar cultivares adaptadas para produzir sob temperaturas elevadas. As cultivares indicadas para o outono/inverno florescem precocemente (pendoamento), se plantadas em clima quente, tornando o produto amargo e sem valor comercial. 

As principais cultivares recomendadas são: Cultivares lisas(grupo manteiga) - Brasil 303, Elisa, Glória, Aurora e Carolina AG 576 (formam cabeça/resistentes ao vírus do mosaico); Regina (Figura 1), Babá de Verão e Lívia (não formam cabeça/resistentes ao vírus do mosaico), dentre outras; Cultivares crespas (Figura 1) - Vanessa (não forma cabeça e é resistente ao vírus do mosaico); Verônica, Marisa AG 216 e Brisa (não formam cabeça e não são resistentes ao vírus do mosaico). Cultivares de folhas crocantes ou americana (possuem folhas grossas e formam cabeça) - Inajá, Mesa 659, Tainá, Lucy Brown e Raider. Resultados de pesquisa obtidos na Estação Experimental de Urussanga, com a cultivar Regina, revelaram que o cultivo orgânico de alface foi superior quanto a produtividade (41%) e qualidade das cabeças, quando comparado ao cultivo convencional. 

.Produção de mudas: fazer mudas sadias e vigorosas recomenda-se o uso de bandejas de isopor, utilizando-se substrato de boa qualidade, em abrigo protegido. Dormência das sementes:pode ocorrer quando a temperatura excede a 30ºC. Para evitar a dormência, recomenda-se baixar a temperatura do ambiente nas primeiras 24 horas, após a semeadura nas bandejas, com irrigação e o uso de sombrite.

.Adubação de plantio: as hortaliças folhosas respondem bem à adubação orgânica que deve ser aplicada com base na análise do solo. Fonte de macronutrientes (NPK, Ca e Mg) e micronutrientes, a adubação orgânica melhora a qualidade das hortaliças e a conservação do produto, além de manter a umidade do solo.

.Transplante: o transplante das mudas(4 a 6 folhas) deve ser em canteiros, previamente preparados e adubados, na profundidade que estavam na bandeja, espaçadas de 25 a 30 cm entre plantas e fileiras.

.Irrigação: a grande exigência da alface (93% do peso é água), aliado a baixa capacidade de extração de água do solo, torna pequenos períodos de estiagem em seca. Os sistemas de irrigação mais utilizados na alface são: aspersão convencional, micro aspersão e gotejamento. No verão deve-se irrigar pela manhã e no final da tarde. No inverno e no verão (desde que se utilize o sombrite), é suficiente uma irrigação pela manhã.

.Cobertura morta: havendo disponibilidade na região de cultivo, recomenda-se o emprego de cobertura morta dos canteiros com palha ou casca de arroz ou outro material vegetal de textura fina. 

.Capinas e escarificação do solo: durante o desenvolvimento das plantas, são necessárias uma a duas capinas, quando se aproveita para fazer também o afofamento do canteiro (escarificação). 

.Cultivo protegido: melhora a produtividade e a qualidade da alface (folhas mais tenras e menos danificadas), além de melhorar a eficiência da mão-de-obra, quando são utilizados túneis altos. Em pleno verão o uso de sombrite (que deixa passar 30 a 50% de luz) protege as plantas nas horas mais quentes do dia e também de chuvas torrenciais (Figura 1). Nos períodos mais críticos, o manejo do sombrite, retirando-o no período mais fresco e, em dias nublados, é importante para atingir boa produtividade e qualidade do produto.

.Manejo de doenças e pragas: no cultivo de alface, não há maiores problemas com pragas e doenças. Caso ocorra deve-se utilizar medidas preventivas. Fase de produção de mudas - utilizar sempre sementes sadias em bandejas de isopor com substrato isento de doenças e, em abrigos protegidos. 

Canteiro definitivo: eliminar plantas hospedeiras (caruru, picão-preto, beldroega, serralha, maria-pretinha) de insetos tais como tripes que transmitem viroses; utilizar cultivares resistentes às viroses; fazer rotação de culturas com hortaliças-raízes ou hortaliças-frutos; eliminar restos de culturas anteriores; revolver o solo bem fundo para expor os fungos e pragas do solo à radiação solar; adubar e irrigar as plantas corretamente e utilizar cultivo protegido.

.Colheita, classificação e comercialização: Colheita: nas primeiras horas da manhã ou nas horas mais frescas, quando atingir o máximo de desenvolvimento, sem sinais de florescimento, normalmente a partir dos 30-45 dias após o transplante. 

Classificação: as folhas mais velhas, manchadas e danificadas são eliminadas, bem como as plantas consideradas refugos (miúdas, com início de florescimento e outros defeitos). As plantas devem ser embaladas em caixas, evitando-se o demasiado manuseio do produto. 

Comercialização: deve ser realizada o mais rapidamente possível e próximo ao local de produção, pois é um produto altamente perecível.


Figura 1. O cultivo orgânico e protegido de alface (cultivar Regina – tipo folhas lisas) no verão com sombrite (à direita), proporciona maior produtividade e qualidade de cabeças de alface (as folhas são mais tenras) e, o que é melhor, sem contaminação por adubos químicos e agrotóxicos. Cultivar de alface do tipo folhas crespas (à esquerda).








sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Produtos alternativos para o controle de doenças e pragas




 No cultivo de uma horta e um pomar orgânico o homem deve intervir o menos possível no meio ambiente para não provocar o desequilíbrio do sistema. Por isso, os produtos alternativos apresentados a seguir, mesmo que na grande maioria não cause riscos ao homem e ao ambiente, somente devem ser utilizados quando realmente necessários.

Caldas  bordalesa e sulfocálcica
     As caldas possuem baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais. O cobre presente na calda bordalesa é pouco tóxico para a maioria dos pássaros, abelhas e mamíferos, porém é tóxico para peixes. A aplicação de caldas não tem o objetivo de erradicar os insetos e os microorganismos nocivos, mas fortalecer as plantas e ativar o seu mecanismo de resistência. Essas caldas podem serem preparadas na propriedade, reduzindo significativamente o custo de produção. As sugestões de dosagens para as diversas culturas constam na Tabela 10.
Calda Bordalesa
     È o resultado da mistura simples de sulfato de cobre e cal virgem, diluídos em água. É recomendada como fungicida para controle preventivo de doenças fúngicas  e bacterianas. Essa calda é uma das formulações mais antigas que se conhece, tendo sido descoberta quase por acaso, no final do século XIX na França por um agricultor que estava aplicando água com cal para evitar que cachos de uva fossem roubados. Logo, percebeu-se que as plantas tratadas estavam livres da antracnose. Estudando o caso, um pesquisador descobriu que o efeito estava associado ao fato do leite de cal ter sido preparado em tachos de cobre. A partir daí, desenvolveu pesquisas para chegar à formulação mais adequada da proporção entre a cal e o sulfato de cobre.
Vantagens
- Forma camada protetora contra doenças e pragas;                                             
- Alta resistência à lavagem pelas chuvas;                                                                    
- Aumenta a resistência da planta à insolação;                                                        
- Fornece nutrientes essenciais (cobre, enxofre e cálcio);                                       
- Promove a resistência da planta e dos frutos;                                                           
- Melhora  a conservação e a regularidade de maturação e aumenta o teor de açúcares;
- Baixo impacto ambiental sobre o homem e os animais domésticos;
- É um dos fungicidas mais baratos e eficientes.


Figura 1. Preparo da calda bordalesa

Preparo da calda bordalesa a 1%
     A formulação a seguir é para preparo de 100 litros. Para fazer outras medidas, é só manter as proporções entre os ingredientes listados a seguir:
Ingredientes:     Sulfato de cobre ................................1000 g
                           Cal virgem ou hidratada ..................  1500 g
                           Água ......................................... .......  100 l 
1º passo: dissolver o sulfato de cobre – colocar  o sulfato de cobre em um saco de pano e mantê-lo imerso em suspensão na parte superior de um balde de água (a dissolução demora até 24 horas). Quando necessário, pode-se dissolver as pedras de sulfato de cobre para uso imediato, aquecendo a água ou moendo as pedras.
2º passo: dissolver a cal virgem  – em outra vasilha (sem ser de plástico) fazer a queima da cal virgem de boa qualidade (cal velha com aspecto farinhento não deve ser utilizada) que pode ser no mesmo dia em que for usada. Colocar 1500g de cal em uma lata de metal de 20 litros e adicionar 9 litros de água aos poucos e mexer com pá de madeira, até formar uma pasta mole. Tomar cuidados com a temperatura da mistura que se eleva bastante. Após o resfriamento, adicionar um pouco de água, obtendo-se um leite de cal. A cal hidratada pode ser utilizada, desde que tenha boa qualidade; é mais prático e proporciona a mesma eficiência. Passar a calda por uma peneira fina, colocando-se mais água e agitando-se para passar pela peneira. Adicionar água até 50 litrosao leite de cal.
3º passo:  despejar a solução de sulfato de cobre em um tonel (sem ser de ferro ou aço) com capacidade para 200 litros. Adicionar água até 50 litros.
4º passo: despejar com um balde aos poucos, a solução de leite de cal sobre a solução de sulfato de cobre. As duas soluções devem estar sob a mesma temperatura. Com auxílio de uma pá de madeira, agitar constantemente durante a operação de mistura.
5º passo:  testar a acidez (pH) da calda -  mergulhar um prego novo durante um minuto na calda. Se houver escurecimento, significa que a calda está ácida (pH abaixo de 7,0) e precisa ainda de neutralização com mais leite de cal. Não escurecendo, a calda estará pronta (alcalina). Outra maneira de se verificar a acidez, é pingar duas a três gotas sobre uma lâmina de faca bem limpa (sem ser de aço inoxidável); após um minuto, sacudir a faca e, se ficarem manchas avermelhadas onde estavam as gotas da calda, a mesma está ácida. Quando a cal virgem é de má qualidade, a calda permanecerá ácida, sendo preciso, então, acrescentar mais leite de cal para neutralizar a acidez.
Obs.: de modo geral, a cal é um bom aderente. Entretanto, certas culturas podem necessitar de um espalhante-adesivo. Para melhorar a aderência da calda bordalesa, acrescentar 1,5 litros de leite desnatado ou 1 a 2 kg de farinha de trigo no preparo de 100 l de calda (dissolver a farinha de trigo em água e depois peneirar) após o seu preparo.

Calda Sulfocálcica
      È o resultado da mistura de enxofre e cal, diluídos em água. É indicada como acaricida e inseticida (tripes, cochonilhas, etc.), além de ter efeito fungicida, atuando de forma curativa (ferrugens, oídio, etc.). É muito utilizada para tratamento de inverno de fruteiras de clima temperado e subtropical.
Vantagens
- Os ácaros não criam resistência à calda sulfocálcica;
- Fornece nutrientes essenciais (cálcio e enxofre);
- Aumenta a resistência das plantas e melhora o sabor dos frutos;                                         
- É um dos fungicidas/inseticidas mais baratos e eficientes.
     Embora também possa ser preparada na propriedade, a calda sulfocálcica pode ser adquirida nas lojas agropecuárias a um baixo custo.

Aplicação das caldas e cuidados
     A aplicação, o preparo correto e o uso de pulverizadores com bicos-cones, de preferência de cerâmica (os de metal estragam rapidamente)  em bom estado e com jatos que formem uma névoa, cobrindo uniformemente folhas, frutos e ramos, são importantes para o êxito do tratamento, assim como a concentração e a qualidade dos ingredientes. A concentração das caldas depende das condições climáticas locais, da espécie, da fase da cultura e da forma de condução. Para evitar riscos de fitotoxicidade e queima de folhas e frutos, deve-se fazer um teste em poucas plantas, podendo-se aplicar em toda a área depois de observado o seu efeito.
     Os principais cuidados a serem observados no momento da aplicação são:
- deve-se sempre utilizar o equipamento de proteção individual (EPI) no preparo e na aplicação;
-  a aplicação deve ser com tempo bom, seco e fresco pela manhã ou à tardinha.  Quando aplicada com tempo úmido os riscos de fitoxicidade são maiores;
- somente as partes atingidas pelas caldas estarão protegidas de doenças e pragas; 
- as caldas devem ser mantidas sob forte agitação durante toda a aplicação;      
- para a maioria das plantas, não deve ser aplicada a calda bordalesa no período do florescimento, nem estando as plantas murchas ou molhadas e em época de forte estiagem;
-  a aplicação deve ser no mesmo dia de preparo da calda. No entanto, o leite de cal e o sulfato de cobre, quando em recipientes separados, podem ser guardados por dois a três dias;                               
- a calda sulfocálcica deve ser aplicada, durante a floração, somente para aquelas culturas que tolerem o enxofre;
- a calda bordalesa pode ser misturada com os biofertilizantes;
-  com temperaturas acima de 30ºC e abaixo de 10ºC, suspender a aplicação da calda;
- após aplicação das caldas, os equipamentos e os metais devem ser lavados para evitar corrosão, com vinagre (20%) e duas colheres de chá de óleo mineral. Verificar o desgaste dos bicos do pulverizador, fazendo a troca necessária. As caldas corroem o orifício dos bicos, alterando a vazão e o tamanho de gotas e, em conseqüência, a dose aplicada e a cobertura de plantas;
-no caso de empregar a calda sulfocálcica após aplicação da calda bordalesa, deixar um intervalo mínimo de 30 dias. Quando for o contrário, isto é, aplicar a calda bordalesa após a aplicação da calda sulfocálcica, observar intervalo de 15 dias;
-o intervalo de aplicações da calda bordalesa varia de sete a 15 dias ou até mais, dependendo das condições climáticas,  da ocorrência de doenças e do desenvolvimento da planta;
 -recomenda-se obedecer, no mínimo, o intervalo de uma semana entre a aplicação das caldas e a colheita.
  Tabela 1. Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em hortaliças e frutas.
1 Para emprego das caldas recomenda-se que sejam feitas observações preliminares em poucas plantas, considerando o local, o clima, a cultivar e outros. 
2 Em cultivos protegidos (abrigos) de hortaliças, reduzir em 50% a concentração das caldas e aplicar nos períodos frescos. 
3 As aplicações devem ser à tardinha para não prejudicar a polinização feita pelas abelhas.
































                                                                                                                                                                                                            
   Tabela 1 (continuação). Sugestões de aplicação das caldas bordalesa e sulfocálcica em    hortaliças e frutas.

5 Algumas cultivares são sensíveis, por isso recomenda-se testar as dosagens. Obs.:Não se recomenda aplicar as caldas com os botões florais abertos. A inclusão de óleo (mineral ou vegetal) na calda bordalesa melhora o efeito sobre as pragas e as doenças. Fazer a aplicação das caldas com tempo bom e seco (ver a previsão do tempo). Obedecer o intervalo de aplicação, no mínimo de 15 dias entre a sulfocálcica e a bordalesa. Obedecer, no mínimo, o intervalo de 7 dias entre a aplicação e a colheita.